O que você acha do vale-refeição, o ticket que milhões de trabalhadores recebem mensalmente? Com um vale no bolso, o brasileiro escolhe o restaurante que lhe parece mais adequado. Se os preços sobem ou se a qualidade cai, o trabalhador pode mudar no dia seguinte para outro estabelecimento. Com o vale-refeição, o cidadão é livre para escolher, isto é, ele tem poder.
Do outro lado do balcão, o dono do restaurante precisa enfrentar a concorrência. Tem que suar a camisa para oferecer uma boa refeição, num preço adequado ao valor do ticket dos trabalhadores da vizinhança. Esse modelo não é perfeito, mas tem funcionado muito bem no Brasil moderno. É difícil encontrar alternativas mais eficientes para a alimentação do trabalhador.
Agora imagine se um cidadão com filhos na idade escolar recebesse do governo um vale-educação. Ele usaria esse novo ticket, também chamado de voucher, para escolher uma escola particular para seu filho ou então pagar uma mensalidade para a escola pública tradicional. O que iria acontecer no Brasil se esse sistema fosse implementado?
A revista The Economist trouxe, recentemente, artigo sobre esse polêmico tema. Um estudo do economista Harry Patrinos, do Banco Mundial, mostrou que, na Colômbia, a iniciativa de sortear tickets desse tipo, realizada nos anos 90, fez com que 125 mil crianças pobres tivessem um desempenho bem superior.
Resultado: quem recebeu ticket teve probabilidade entre 15% e 20% maior de concluir o ensino médio. E mais: teve probabilidade 5% menor de ser reprovado num ano escolar. Saiu-se bem melhor nas avaliações e teve mais chances de entrar na universidade.
Nos EUA, já houve experiências semelhantes. Os alunos que receberam os vouchers, ou seja, os vales-educação, também tiveram desempenhos superiores. E o governo gastou muito menos.
Na Suécia, um programa de vale-educação lançado em 1992 tem apresentado um resultado muito positivo, não só para as escolas particulares, mas também para as escolas públicas que, numa saudável reação, arregaçaram as mangas e melhoraram o desempenho.
Dar liberdade de escolha é dar poder para o cidadão. Penso que esse tema também merece ser debatido pela sociedade brasileira. Afinal, uma boa educação ainda é a forma mais segura e mais fácil de melhorar a vida de uma criança.
O leitor pergunta:
Meu gerente diz que não há mais vantagens em se aplicar no Tesouro Direto, pois as taxas de juros caíram muito. Você concorda?
Os juros caíram bastante, e a rentabilidade final tende a ser mais tímida nos papéis de renda fixa daqui para a frente. Mas o Tesouro Direto continua sem competidores à altura entre as alternativas de médio e de longo prazo. Pena que seu gerente não lhe disse, anos atrás, que era um ótimo momento para se aplicar no Tesouro Direto. Confira na figura a rentabilidade dos títulos mais antigos e mais rentáveis nos últimos seis anos.