Agora que a CPMF foi aprovada na Câmara, começará a dura batalha no Senado; hoje dividido, e com seu rei nu. Essa interminável discussão em Brasília tem relação direta com a economia. É como uma engrenagem: para aprovar a CPMF — que onera o setor produtivo, mas possibilita investimentos federais — o governo precisa de votos no Congresso. Para se aliarem, os parlamentares querem cargos, inclusive nas estatais, o que costuma aumentar a ineficiência e a corrupção. De qualquer forma, não aprovar a CPMF também pode ser um problema.

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A CPMF não foi inventada no Brasil, mas aqui ganhou força. Foi, depois, exportada para outros países. Criada para ser uma contribuição provisória, já dura 11 anos. Criada para destinar recursos para a saúde, hoje, seus cerca de R$ 40 bilhões vão metade para saúde, R$ 7 bilhões para diversos auxílios (como maternidade ou doença) e R$ 10 bilhões para o Bolsa Família.

A arrecadação é realmente alta, e o tributo onera ainda mais o setor produtivo, já tão afogado em impostos. Porém, mesmo alguns economistas que costumam criticar decisões o governo acham que não seria possível abrir mão, desde já, do montante arrecadado com a CPMF.

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Na política, este segundo semestre inteiro parece estar sendo carcomido pela teimosia de Renan Calheiros somada à batalha pela CPMF. Há muitos lados ruins nisso para a economia. Um deles: não sobrará espaço para qualquer avanço em direção a uma reforma tributária de verdade. Essa, sim, a grande discussão que deveria estar tomando o tempo dos políticos, afinal não é só a aprovação ou a desaprovação da CPMF que vai resolver os problemas tributários brasileiros. O formato de tributação no Brasil abriga muitas outras cobranças duplas, mal estabelecidas, que dificultam o crescimento da economia.

Mas, fato é que a CPMF tem mobilizado o jogo político. Ajudou a manter Renan Calheiros onde ainda está, deu Furnas a Luis Paulo Conde e deve dar outros cargos aos pmdebistas e demais aliados. Na democracia, é normal compartilhar o poder. Mas a forma mercantilista como isso tem sido feito não só é ofensiva, como atrasa o país. É só pensar no risco de a Petrobras, uma empresa bem sucedida, ter suas tão cobiçadas diretorias trocadas por votos a favor da CPMF.

No Senado, a batalha do governo será bem mais dura. E ele correrá contra o tempo até o fim do ano. O risco é de que, no meio disso, a engrenagem política acabe emperrando a economia.

Em 360 meses; com juros

O Santander anunciou ontem que vai oferecer financiamento para a casa própria em até 30 anos. A Caixa Econômica havia decidido o mesmo há um mês. Por enquanto, são poucos, mas outros bancos devem entrar logo na concorrência por esse mercado de crédito. Os juros ainda continuam altos, porém, com o prazo mais longo, fica mais fácil comprar o imóvel. Até bem pouco tempo, os financiamentos só chegavam aos 15 anos.

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Abaixo estão os lançamentos das três maiores do setor. Elas têm se voltado para cidades que não Rio e São Paulo. A Rossi lançou mais apartamentos no interior de São Paulo que na capital; a Cyrela foi quase meio a meio; e a Gafisa começou a construir em Nova Iguaçu (RJ) e Caxias (RJ).

No entanto, ainda que haja milhares de novos imóveis e novos produtos de crédito imobiliário, uma enorme parte da população continua com dificuldade de ter sua casa própria. Para isso mudar, ainda é preciso que os juros caiam muito mais. Por ora, quem desfruta é a classe média.