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Míriam Leitão

Acordo mínimo

Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas (Foto: Arquivo Gazeta do Povo)

O otimismo que o presidente Lula demonstrou ontem quanto às negociações na OMC pode não ser de todo infundado. De fato, o acordo pode mesmo sair. E, se sair, será mesmo até o fim do ano. Mas os especialistas que acompanham o assunto explicam: o único acordo que se pode assinar hoje é um acordo mínimo, que não significa grandes avanços no tema que nos interessa; a agricultura.

A Rodada Doha começou em 2001. Já teve prazos prorrogados, mas, agora, precisa ser fechada até o fim do ano. Isso porque, em 2008, o grande tema de que os Estados Unidos – e o mundo, de quebra – tratarão será a eleição para a presidência no país.

O que existe hoje significa algum avanço, mas apenas na média. Ficou estabelecido que países desenvolvidos terão que fazer uma redução de 54% nas suas tarifas para produtos agrícolas, enquanto para os países em desenvolvimento a queda deverá ser de 36%. Mas aí vem o porém. Foi criado um mecanismo, tanto para os mais ricos, quanto para os países em desenvolvimento, que lhes permite definir itens que não entram nesse pacote de redução. São os "produtos sensíveis", para os desenvolvidos; e os "especiais", para os em desenvolvimento.

– Hoje se fala que os produtos sensíveis poderiam chegar, no máximo, a 4% do total. Para os especiais, seria o dobro, algo como 8%. Porém a Índia, por exemplo, quer que 20% dos seus produtos possam ficar de fora – comenta André Nassar, diretor do Icone.

Há dois meses que os esforços se intensificaram para que a rodada não vá para o espaço. Mas há uma série de impasses para os quais não se está encontrando soluções. Os que afetam o Brasil diretamente são os agrícolas. Os Estados Unidos, por exemplo, tem altíssimos subsídios, os quais não se dispõem a cortar; a Europa quer estabelecer cotas; os indianos alegam problemas de segurança alimentar. Diante disso, a opção está sendo por fazer um texto que garanta, pelo menos, alguns avanços.

– Hoje já se sabe que o que haverá serão regras um pouco mais justas, mas não liberalização. Pelo menos, deverão ser corrigidas distorções da Rodada Uruguai, que favorecia os países desenvolvidos – diz Nassar.

De pré-datados e borrachudos

O pré-datado, que era considerado uma das jabuticabas do Brasil, continua forte nestes tempos de crédito farto. Os dados abaixo mostram que há estados, como é o caso do Rio Grande do Norte, onde quase 90% das transações com cheques são feitas com pré-datado. Aliás, os quatro primeiros estados em porcentual, segundo a Telecheque, são do Nordeste: Rio Grande do Norte, Pernambuco, Maranhão e Sergipe; nesta ordem. No total do Brasil, hoje o número já está em 73%. Só na Paraíba, em Alagoas e em Mato Grosso a taxa de cheques pré-datados diminuiu em relação a setembro do ano passado.

No entanto esse crescimento não está aumentando o não pagamento. Ao contrário, a Serasa vem identificando queda na proporção de cheques sem fundos. De janeiro a agosto deste ano, foram devolvidos no Brasil 20,1 cheques a cada mil compensados. No ano passado, mesmo período, a média era de 21,6 devolvidos. De qualquer forma, ainda é enorme o número: 20,81 milhões de cheques (de um total de 1,04 bilhão) foram devolvidos nos primeiros oito meses de 2007; só em São Paulo, foram 6,7 milhões.

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