Na última quarta-feira (13), a Gazeta do Povo publicou a reportagem “5 sinais de que a recessão ainda não acabou”, onde mostrava indicadores antecedentes como a demanda por papelão ondulado, consumo de energia e fluxo de caminhões em pedágios. Esses indicadores mostram que ainda temos momentos difíceis pela frente. Então, você deve estar se perguntando: Como tomar decisões em um ambiente tão difícil? Decisões de negócio são desafios naturais de qualquer executivo ou empresário e tornam-se especialmente mais difíceis no Brasil das altas cargas tributárias e demais mazelas já bem conhecidas e cansativas.
Em novembro de 2013, a revista Harvard Business Review publicou entrevista com o guru Ram Charam, um dos conselheiros empresariais mais proeminentes do mundo, que levou o título “Você não pode ser um covarde – tome decisões difíceis”. Por trafegar em ambientes também conturbados como o chinês e o indiano, é possível que suas constatações e dicas nos ajudem um pouco. Em um valioso exercício de síntese, ele propõe apenas três “chaves” para tomar decisões difíceis, após ter observado dezenas e dezenas de casos reais.
- Você precisa ter a capacidade de ver as mudanças que estão por vir e deve fazê-lo antes dos outros.
- Ter a capacidade de formular e selecionar opções de decisão mais corretas.
- É preciso fazer com que suas decisões sejam aceitas e executadas.
Acuidade perceptual
Você precisa ter a capacidade de ver as mudanças que estão por vir e deve fazê-lo antes dos outros. Para isso, precisa vasculhar continuamente o ambiente, buscando informações e navegando por sua complexidade para filtrar um pequeno conjunto de fatores nos quais se baseará para decidir. Inclua aí a análise das combinações e impactos desses fatores diante das opções de decisão que você está considerando. Por exemplo, você deve ponderar sobre as reações de acionistas, empregados, concorrentes e outros grupos diante de sua decisão. Fale com pessoas, encontre-as, troque informações e opiniões. Por fim, você também pode se perguntar: “Se tivéssemos que ir por esse caminho, do que dependeria nosso sucesso?”
Julgamento qualitativo
Com base nos fatores mais impactantes, você adquire a capacidade de formular e selecionar opções de decisão mais corretas. Você constrói confiança e fontes de informação em sua rede de relacionamento. Isso proporciona uma visão mais ampla, com base na contribuição de pessoas em quem confia. Nesse ponto, as opções de decisão evoluem para níveis mais específicos e concretos. Assim, você poderá caminhar por uma análise mais simples e mais eficaz até a decisão.
Credibilidade
É preciso fazer com que suas decisões sejam aceitas e executadas. Ouvir pontos de vista diversos e contraditórios é algo importante, inclusive para ter amplitude de visão. Se você é um sabe-tudo, terá problemas com isso. Você cultiva um diálogo aberto com as pessoas e também consegue angariar seu apoio, além de ser capaz de alocar as pessoas e recursos certos para executar a decisão. Porém, se você é o líder, precisa ter claro que a decisão é sua, pois isso evitará que entre em discussões intermináveis e perca a liderança. Decisões de negócio não são exatamente democráticas, mas com credibilidade você as implanta.
Incerteza é algo inerente a qualquer decisão e o esforço está em minimizá-la. Você precisará de coragem para passar por cima disso e tomar a decisão, que é sua, com seus méritos e riscos.
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