Duas semanas atrás abordamos aqui o nível de endividamento das famílias curitibanas, como forma de compreender seu impacto no consumo para os próximos meses, e assim contribuir para a elaboração de estratégias nas empresas. Mas qual o contexto das famílias curitibanas frente ao que se observa no Brasil? A Confederação Nacional do Comércio (CNC) apura mensalmente em todas as capitais, junto a cerca de 18 mil consumidores, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), nos mesmos moldes que faz a Fecomércio-PR. Essa pesquisa é útil para analisar a capacidade de endividamento e de consumo futuro das famílias e traz o seu nível de endividamento e percepções sobre a capacidade de pagamento. Isso a diferencia de outras pesquisas, que buscam medir a tomada de crédito e a inadimplência.
Endividamento recua em janeiro
A PEIC divulgada nesse mês de janeiro aponta que 57,5% das famílias brasileiras estão endividadas, o que significa uma queda de quase seis pontos percentuais, se comparado a janeiro do ano passado, quando o índice chegou a 63,4%. Em dezembro último, o índice era de 59,3%, também maior que janeiro. Segundo a pesquisa, o índice desse mês de janeiro é o menor desde junho de 2012, o que mostra a cautela do consumidor em relação ao consumo e em assumir novas dívidas, motivados pela alta na taxa de juros, e também pelos recursos do 13.º Salário, que permitiu o abatimento de dívidas.
A última apuração da PEIC divulgada pela Fecomércio-PR foi em outubro passado e mostrava 87,5% das famílias curitibanas endividadas, bem acima dos 60,2% do índice nacional apurado naquele mesmo mês pela CNC. Assim, a situação do consumo em Curitiba tende a um cenário menos favorável, se comparado com o restante do país.
Dívidas em atraso e condições de pagamento
O porcentual de famílias com dívida em atraso também diminuiu, passando a 17,8% nesse mês de janeiro, contra 19,5% em janeiro passado, e 18,5% em dezembro. Já o porcentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas piorou entre dezembro e janeiro, passando de 5,8% para 6,4%, ficando praticamente em nível igual a janeiro de 2014, quanto estava em 6,5%.
Cartão de crédito
Dentre os tipos de dívidas pesquisados, aquelas contraídas no cartão de crédito respondem por 71,4% do total, mesmo observando historicamente as maiores taxas de juros do mercado. Isso mostra a dificuldade do brasileiro em acessar outros meios de crédito, seja por restrição, seja por falta de disciplina na gestão de suas dívidas. O crédito pessoal e o crédito consignado correspondem a 10,2% e 3,6%, respectivamente, sendo modalidades com juros menores do que o cartão de crédito, enquanto o cheque especial responde por 5,3% das dívidas.
O consumidor está assumindo uma postura mais cautelosa em relação aos seus gastos, devido o ambiente de incertezas políticas e econômicas que rondam a nossa sociedade. Assim, a competição pela atenção dos consumidores tende a aumentar nos próximos meses, o que sugere que as empresas se preparem para um ambiente em que terão que colocar suas melhores ofertas à disposição do mercado, como forma de estimular o consumo.
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