Duas semanas atrás falávamos aqui sobre a ética nos negócios e da motivação dessa discussão no âmbito empresarial trazida pelos escândalos de corrupção em nosso país. Nesse feriado do Dia do Trabalho, vale avançar nessa reflexão, trazendo como pano de fundo a nobreza do trabalho e o espírito de serviço.
Geralmente, as definições simples são as mais geniais e o professor Vicente Falconi em seu livro Gestão pelas Diretrizes define que “uma empresa é uma organização de seres humanos, que existe para facilitar a vida de outros seres humanos”. Se você é cético e desatento pensará que se trata de algo romântico e filosófico, mas se tem a sagacidade dos empreendedores, você não tardará em perceber que, uma empresa que não facilita a vida de seus clientes, não tem motivo de existir.
Então, há algo de nobre nisso, incluindo aí o lucro obtido por essa atividade. Mas a vivência produtiva e digna no trabalho hoje encontra muitos desafios. Para começar, o desafio de dar foco à atividade principal, pois são muitas as distrações e os desperdiçadores de tempo, como smartphones, redes sociais e demais parafernálias digitais, além das pautas concorridas e, por vezes, desorganizadas dentro das empresas. Também vemos as questões de comunicação e relacionamento interpessoal, comportamento, política e ética. Mas de onde você tira referências para orientar tudo isso?
A importância e a nobreza do trabalho
Você e eu saímos todos os dias para trabalhar e talvez não percebamos que o fazemos para facilitar a vida de outras pessoas. Com nosso trabalho, damos vazão a muitas aspirações; próprias e de toda uma sociedade. Não se trata de sair de casa para dar lucro ao patrão, ou para pagar impostos, mas para servir, legitimamente aspirando por uma melhoria gradual e satisfatória nas condições de trabalho e de vida, sem que isso se transforme em uma luta de classes. O trabalho é, portanto, algo mais elevado, que está ligado à dignidade do ser humano, que compõe a sua motivação pela vida e molda as relações da sociedade.
O espírito de serviço
Uma enfermeira, em um hospital público ou particular, não possui em sua descrição de trabalho o dever explícito de atender com carinho a seus pacientes. Entretanto, aquela que assim procede, contorna a sua profissão com uma moldura que embeleza e eleva seu sentido. Ela passa por cima de dificuldades nas condições de trabalho e salariais, que são reais, pois acima disso está seu espírito de serviço ao dedicar-se a seu paciente.
Há aqui toda uma trama de virtudes que se põe em jogo quando exercemos nossas atividades profissionais, e que são temas de debate constante no mundo corporativo. Se cada um seguir esse mesmo princípio da enfermeira, olhando para seu cliente, fornecedor ou colega de trabalho como alguém a quem servir, muito de bom poderá ser construído, sufocando espaços antes ocupados por individualismo, ganância ou corrupção.
Trabalhemos todos com essas referências, pois são perenes, e nos conduzem a negócios também perenes. Encaremos os escândalos de corrupção como o pus que sai da ferida no caminho da cura. Por isso, o trabalho compensa.