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Negócios & Marketing

Quero desenvolver um novo produto, mas como?

Seja em uma empresa de software, em uma fábrica de alimentos ou ainda na indústria da moda, o desenvolvimento de novos produtos é ao mesmo tempo uma necessidade e um grande desafio. É necessidade porque nesses e em muitos outros segmentos, é preciso lançar mão de novos produtos para melhorar a oferta aos clientes, e ganhar em competitividade. É um grande desafio, pois desenvolver um produto com maior ou menor grau de inovação depende de muitos fatores, algumas vezes difíceis de prever.

No estudo Seis mitos do desenvolvimento de produtos, publicado na Harvard Business Review (Maio/2012), esses "mitos" são trazidos à tona para mostrar que não se pode tratar o desenvolvimento de produtos da mesma forma que se trata uma linha de produção, por não ser tão previsível. Entre esses mitos, dois chamam atenção por parecerem muito questionáveis diante de uma cultura voltada à eficiência e intolerante ao erro. Afinal, o que você imagina que seu presidente diria, se você dissesse que já previu gordura no prazo, e que, além disso, ainda conta em cometer alguns erros no caminho?

Gordura no prazo, e não é por conforto!

Todos costumamos dizer que "tempo é dinheiro", portanto mais tempo vai significar mais dinheiro investido. Não é bem assim. O desenvolvimento de um novo produto implica em alguma inovação, por menor que seja, e isso pressupõe enfrentar situações novas, diante das quais não temos grande capacidade de previsão sobre seus impactos no prazo. Assim, a gordura no prazo deve ser encarada mais como margem de segurança e meio de gerenciar as incertezas de desenvolvimento, do que como simples busca por conforto.

Imagine um impasse entre usar as palavras "vitaminado" ou "fortificado" para o rótulo de um alimento direcionado à toda família, onde foi feita adição de vitaminas e minerais. Qual delas irá indicar melhor que é para toda família? Isso afetaria o volume de vendas? Uma dúvida como essa pode influenciar na apresentação dos benefícios e atração do público-alvo. Nesse caso, novas rodadas de pesquisas serão necessárias para dirimir uma dúvida que não havia sido identificada num primeiro momento.

Errar faz parte, e não é em tom de consolo!

É claro que o trabalho não está voltado para produzir erros deliberadamente. Afinal, há o esforço de se coletar e analisar informações sobre tecnologias, o mercado e a concorrência. Além disso, realizar pesquisas de pré-testes com consumidores, trabalhar bem o conceito e os benefícios do produto, até transformá-lo em algo tangível. Entretanto, mesmo esses fatores podem sofrer mudanças ao longo do tempo, e as hipóteses iniciais podem e quase certamente levarão a erros nas primeiras versões do novo produto. O que precisa ser entendido é que esses erros não querem dizer necessariamente fracasso, pois permitem acumular informações valiosas sobre o produto, que não eram possíveis de se prever inicialmente. Mas isso certamente vai contra a cultura de arriscar menos e acertar logo de primeira. Cultura essa que acaba asfixiando inovações mais significativas, que necessitariam que maiores riscos fossem assumidos.

Sandro Gomes é sócio-diretor da CrossVision – Consultoria e Assessoria em Gestão de Negócios e Marketing

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