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Overgame

30 segundos para o fim do mundo

Telas do Half-Minute Hero: estilo que lembra o dos antigos consoles 8-bits... |
Telas do Half-Minute Hero: estilo que lembra o dos antigos consoles 8-bits... (Foto: )
... e cenários que lembram as primeiras versões de clássicos como Dragon Quest |

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... e cenários que lembram as primeiras versões de clássicos como Dragon Quest

Um bom jogo de RPG de­­ve ser longo. Durar pe­­lo menos umas 100 ho­­­­­­ras. Os disputados por hordas pela internet, como World of Warcraft, chegam a ser tão extensos que nem é possível dizer se há realmente um fim. O objetivo padrão do estilo é criar, desenvolver e tornar um personagem resistente para as batalhas que se seguem durante a exploração de cenários. Por isso, tempo é fundamental pa­­ra forjar um herói imbatível e ga­­nhar as melhores armas. A produtora Marvelous Enter­­tain­­ment, no entanto, quer re­­ver alguns conceitos com re­­cém-lançado Half-Minute Hero, que promete todas as emoções do gênero em apenas 30 segundos.

Inicialmente desenvolvido em tecnologia flash para ser jo­­gado pela internet, Half-Minute Hero é frenético do começo ao fim, mesmo que tudo isso dure apenas meio minuto. É basicamente uma coleção de minigames (120 no total) que devem ser cumpridos com muita velocidade e pouco raciocínio. O tem­­po reduzido para cada aven­­tura, entretanto, não evitou que as principais características de um bom RPG estivessem disponíveis: história me­­dieval, luta do bem contra o mal, desenvolvimento de personagem, acúmulo de itens e exploração de cenários. O lançamento para o portátil PSP traz quatro modos de jogo: He­­ro 30, que explora os conceitos do RPG; Evil Lord 30, espécie de estratégia em tempo real; Prin­­cess 30, que usa a ação em plataforma 2D; e Knight 30, um jo­­go de estratégia mais simplificado e que só é liberado após os modos anteriores serem completados.

No carro-chefe, Hero 30, um ser maligno descobre uma forma de destruir o mundo em meio minuto. O herói precisa impedir a destruição, obviamente, e, para isso, corre contra o tempo para tentar evoluir até poder enfrentar o inimigo. No meio do caminho, o jogador tem ainda que esticar os segundos para brigar com monstros secundários e ir num mercado para negociar itens.

Cada segundo tem que ser usado com muita parcimônia. Os primeiros desafios são mais básicos, precisando somente encontrar o local onde o inimigo está escondido. Com o passar das fases, novos ingredientes vão tornando os segundos cada vez mais preciosos. Em uma missão, por exemplo, o jogador deve consertar uma ponte quebrada, mas antes precisa achar um marceneiro, que não tem ferramentas suficientes para o trabalho. É preciso então correr para achar os materiais, voltar e esperar que o trabalhador conclua o serviço. Depois ainda se tem que enfrentar alguns adversários e o monstro final. Frise-se mais uma vez: tudo isso em apenas meio minuto.

Chega-se a um ponto que se torna quase desesperador cumprir uma fase. Em menos de dez minutos é muito provável que o jogador tenha perdido várias "vidas" somente para tentar se localizar no mapa. Tecnicamen­te cada missão tem 30 segundos, mas a sensação que se tem é que temos somente a metade disso, visto a quantidade de coisas acontecendo na tela.

Essa relação com o tempo (ou a falta dele) é o grande trinfo do game. Para tornar tudo um pouco mais dramático os desenvolvedores criarem pe­­quenos gatilhos para prolongar ação. Com a ajuda de uma deusa pode-se zerar o contador de tempo e, assim, cumprir o objetivo com mais folga.

Além de dar uma cara nova a um estilo bastante batido, Half-Minute Hero apostou na direção de arte baseada na ve­­lha escola dos consoles 8-bits, com personagens extremamente quadriculados e cenários que lembram diretamente as primeiras versões de clássicos como Dragon Quest e Final Fantasy. O game parece ter sido pensado para funcionar como uma paródia do gênero. Cada minigame é tratado como um jogo separado, com direito a lista completa de créditos no final de cada episódio. E mostra, de forma irreverente, que as continuações dos grandes títulos às vezes pecam na originalidade. O que mais atrai neste lançamento é justamente a deturpação que levou o RPG a se transformar num jogo casual, ideia que, em si, é contraditória. É um RPG para se jogar em qualquer lugar e em apenas 30 segundos.

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