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Overgame

A era 8-bits ainda não morreu

Tela de Mega Man 10: cara de jogo 8-bits, chefes de fase durões e nível de dificuldade elevada – como era antigamente | Reprodução
Tela de Mega Man 10: cara de jogo 8-bits, chefes de fase durões e nível de dificuldade elevada – como era antigamente (Foto: Reprodução)
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Mega Man começou sua jornada em plena era 8-bits, quando apareceu no NES, em 1987. Com boas doses de di­­ficuldade e gráficos bem construídos para época, conquistou terreno no disputado mercado de jogos e tornou-se um clássico. Até hoje Mega Man 2 e 3 figuram na maioria das listas dos melhores games da história. Tanto sucesso gerou uma franquia gigantesca que passou por quase todas as plataformas existentes, desde consoles de mesa, computadores, portáteis e celulares. Os modos de jogo também variaram com tempo atendendo os gostos de cada época. De uma disputa de aventura bi­­dimensional se transformou em quebra-cabeça, corrida, RPG e outras diversas variações. Nun­­ca, no entanto, conseguiu repetir a façanha dos anos 80.Com a chegada da geração 32-Bits, que teve como protagonista o primeiro PlayStation, a série tenteou recuperar o prestígio de outrora focando-se no gênero de aventura, mas desta vez no incipiente mercado do 3D. Também não deu certo. Mais de 70 jogos depois, que mesmo sem a qualidade dos primeiros ainda representaram um bom retorno financeiro, a produtora Capcom resolveu re­­começar praticamente do zero. Voltou às origens, recriou uma mecânica quase idêntica às primeiras versões 8-Bits e colocou nas lojas online do Play­­station 3, Xbox 360 e Nin­tendo Wii, no ano passado, Me­­ga Man 9. Foi um sucesso de crítica e tornou-se um dos mais ven­­didos na ca­­tegoria. Era co­­mo se fosse uma volta ao passado. Dificuldade elevada, gráficos pobres para a atual geração e uma pequena paleta de recursos sonoros. Mas os chefes de fase, tão memoráveis, estavam lá. No mês passado, quem possui uma conta em alguma das lojas citadas pôde adquirir a versão 10 pela bagatela de R$ 20. Um custo-benefício excelente para os dias atuais, ainda mais para os brasileiros, que se veem cercados de preços abusivos e impostos altíssimos.

Mega Man 10 é mais do mesmo. E isso é um belo de um adjetivo. O robô azul que se transformou num ícone da indústria – pelo menos no Japão, onde é conhecido como Rockman (vá entender) –, volta à ativa para tentar salvar o mundo do vírus Roboenza, que destrói outros de sua espécie. Ao todo são oito chefões que precisam ser destruídos. Como no começo da série, o enredo segue a estrutura não linear dando liberdade para que cada fase possa ser jogada em ordem aleatória. É preciso, porém, escolher a sequência com certa estratégia, pois as armas conquistadas dos inimigos finais podem ser fundamentais para se completar uma outra fase.

Quem foi iniciado nos videogames nos anos 80 e começo da década 90 deve se adaptar melhor com o jogo do que os mais novos. É fato que a série sempre foi conhecida pela sua dificuldade elevada. Apesar de a Capcom não ter imposto a barreira das três vidas iniciais, sempre que o personagem es­­gotar a energia retornará para o começo da fase. Nada de "sa­ve points" por aqui. Justamente o que pode se tornar frustrante para os casuais é a satisfação dos jogadores da valha guarda. A mecânica segue os rigores espartanos dos primórdios dos jogos eletrônicos. Um botão pu­­la e outro atira. O resto é fi­­rula.

Mega Man 10 deve ser visto como a consolidação da recriação da série e a afirmativa que nem sempre um personagem (ou jobagilidade) consegue transpor os limites da criação inicial. Também ajuda a comprovar que a diversão não está alinhada com megaproduções. Um jogo pode manter a simplicidade e mesmo assim roubar horas do jogador de forma inteligente e desafiadora. Para os que cultuam gráficos em altíssima resolução, deve passar batido. Mas quem gosta de games bem acabados é quase uma obri­­gação. Este é um bom exemplo de um jogo para ser jogado e não assistido.

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