O Nintendo DS é provavelmente o videogame com jogos mais diversificados que já existiu. Não se foca apenas em games clássicos. Na sua imensa biblioteca, a maior já lançada, o jogador encontra de tudo, desde coisas imbecis mal feitas (e existem milhares de programas sem sentido para o portátil) até produtos de primeira linha, que, mesmo com poder gráfico baixo, se destacam entre os melhores jogos da geração. Mas uma das características que mais comove este colunista é a quantidade de títulos feitos especialmente para treinar o cérebro. Os mais conhecidos são Brain Age e Big Brain Academy, com uma coleção excelente de exercícios para manter a cabeça mais esperta. E ainda tem os jogos educacionais que ensinam o jogador vários idiomas, matemática, cozinhar e, vejam só, até arrumar o jardim.
Os exemplos acima são, na maioria das vezes, jogos simples, construídos para serem usados diariamente durante um determinado tempo. O jogador pode começar num nível com quebra-cabeças básicos e ir evoluindo conforme seu desempenho. Com o uso, o programa vai gerando relatórios que demonstram os "avanços cerebrais". Melhor ainda são os games que misturam uma generosa dose de desafios com uma narrativa mais fluída, dando um conjunto lógico para os exercícios mentais. Este é o caso da série Professor Layton, um dos melhores jogos desta geração, que chegou à terceira aventura no mês passado.
Em Professor Layton and the Unwound Future, o jogador acompanha a história do protagonista Professor Layton, uma espécie de Sherlock Holmes muito mais carismático, e de seu fiel ajudante Luke, que tenta aprender tudo e seguir os passos do mestre. Como nos dois capítulos anteriores, é preciso desemaranhar uma série de mistérios para concluir a história. Neste caso, políticos britânicos desaparecem após a explosão de uma suposta máquina do tempo. Uma estranha carta do futuro, que está assinada por Luke, é uma das poucas pistas do que aconteceu. Os dois detetives acabam sendo enviados para o futuro para tentar solucionar o caso.
A história, mesmo com ares de desenho para crianças, tem uma incrível capacidade de manter o interesse durante toda a jornada, com duração prevista entre 6 e 8 horas. Com o chamado estilo "aponte e clique", toda a movimentação e exploração do cenário é feito com a caneta tocando a tela do DS. A narrativa é entrecortada por mais de 160 quebra-cabeças, um mais inteligente que o outro.
Fica claro a evolução da franquia em Unwound Future. Nesta versão há muito mais desenhos animados à mão e a inclusão de dublagem nas animações com os protagonistas. Nos primeiros, tudo era muito silencioso neste aspecto. O coração do game continua sendo a incrível quantidade de bons quebra-cabeças, que geram pontuação conforme o tempo e/ou quantidade de dicas usadas pelo jogador para resolver. Uma novidade foi a inclusão da "super dica" que deixará tudo mais fácil (mas dará bem menos pontos). Além disso, quem tiver uma conexão com internet poderá baixar novos desafios.
Utilizando um estilo de desenho que lembra o filme francês As Bicicletas de Belleville, Professor Layton and the Unwound Future é perfeito para se jogar de forma fracionada e sem se preocupar em terminar a história rapidamente. Por sua característica fragmentada, é uma ótima opção para se jogar enquanto se está na fila do banco, esperando ônibus ou avião. Professor Layton consegue um resultado extremamente positivo ao unir uma história carismática com uma boa gama de quebra-cabeças.