Se a geração digital pode reclamar de alguma coisa é do excesso de qualquer coisa que seja composta por bits. Informação 100% digital virou commodity, o que atingiu em cheio os produtores de conteúdo. O jornalismo, o cinema, as editores e, principalmente, as gravadoras musicais enfrentam um mercado saturado e com preço praticamente beirando o zero. Não demorou para as desenvolvedores de jogos eletrônicos começarem a sentir a dificuldade cada vez maior em emplacar um bom produto. E cobrar um preço justo por isso. Informação em excesso gera uma escassez cada vez maior de atenção, que virou o foco de 11 entre 10 estudiosos de mercado.
Entre as diversas estratégias adotadas para reconquistar e dar valor a um negócio, entre elas micropagamentos e crowndfunding como o Kickstater , o "freemium" conquista adeptos rapidamente. Os consumidores levam um produto de graça, mas precisam dedicar tempo a eles. Com isso, um mercado periférico ganha a obrigação de sustentar o negócio. Um World Warcraft ainda consegue faturar R$ 20 bilhões ao ano com venda de assinaturas. Mas a empresa vê o número de assinantes caindo ano a ano. Já a Zynga conseguiu ganhar um valor bilionário no mercado de ações sem cobrar nem um centavo por seu portfólio de jogos gratuitos, entre eles o Farmville.
Buscando espaço, a cada dia surgem novas desenvolvedoras prometendo jogatina gratuita. Somente na semana passada foram lançados cinco jogos "free to play" na loja de distribuição digital Steam. Em todo o catálogo, a Steam já soma 43 títulos gratuitos. Não faltam opções de estilo.
Entre os lançamentos, o jogador a fim de novidades poderia baixar gratuitamente War of the Immortals, Race Room Racing Experience, AirMech, Gotham City Impostors e Super Crate Box. O primeiro é um RPG de ação a ser jogado on-line, com milhares de usuários. Um dos destaques são os combates PVPs, que permitem uma multidão na tela. Os jogadores podem aproveitar quase tudo de graça, mas por R$ 30 podem adquirir um kit que aumenta a experiência e dá itens raros. Ou seja, o jogador paga para encurtar a distância, para ganhar tempo, hoje também escasso. Já Gotham City Impostors é um FPS. As arenas são livres. Tirando uns trocados do bolso é possível aumentar o arsenal e desnivelar a competição na base do dinheiro.
A solução dos jogos "free to play" pareciam boas no começo. A estratégia considerada nova há pouco já começa a enfrentar um velho problema dos bits. Como as produtoras conseguirão se destacar num mercado abarrotado de jogos gratuitos e clamando por atenção?