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Overgame

Na guerra e em má companhia

Tela de  Bad Company 2: guerra virtual sob o ponto de vista  americano | Divulgação/Visceral Games
Tela de Bad Company 2: guerra virtual sob o ponto de vista americano (Foto: Divulgação/Visceral Games)
Veja a ficha técnica do jogo |

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Veja a ficha técnica do jogo

Jovem, se você acabou de completar de 13 anos, vá até uma loja mais próxima e aliste-se no exército norte-americano. Para isso, basta comprar qualquer jogo de tiro em primeira pessoa, como Battlefield: Bad Company 2, que acaba de ser lançado para PS3, Xbox 360 e PC, e que traz, pela milésima vez, as tropas do Tio Sam dando um chute no traseiro de russos, terroristas, iraquianos ou qualquer outro inimigo de ocasião.

Não há opção. Quase a totalidade dos títulos de FPS (First Person Shot) é jogada do ponto de vista americano. Está certo que, por ser um estilo muito popular no ocidente, as principais produtoras acabam tendo como sede os Estados Unidos, como é o caso da Eletronic Arts (EA), controladora da marca Battlefield (apesar de o jogo ser desenvolvido pela sueca Dice). O fato é que normalmente não aparecem no mercado games em que os protagonistas são afegãos ou russos, a não ser que estejam infiltrados. É o poder do capital promovendo sua visão particular de mundo.

Papo subversivo de lado, Bad Company 2 é a maior aposta da EA para tentar desbancar a popularidade do mais recente caso de sucesso dos videogames, Call of Duty: Modern Warefare 2, lançado no final de ano passado como o maior acontecimento do mundo do entretenimento. Só para se ter uma ideia, na última semana um dos produtores anunciou que mais de 25 milhões de pessoas jogavam simultaneamente nos servidores de MW2.

O jogo da EA traz um esquadrão secreto composto por soldados com passado condenável dispostos a enfrentar qualquer perigo para cumprir a missão. A equipe que não tem nada a perder é peça fundamental para pôr fim a uma guerra fictícia entre EUA e Rússia. O jogo se passa em tempo atual, com armas e veículos verossímeis.

Bad Company 2 apresenta muitas armas para tentar abafar a popularidade da franquia concorrente. A maior interação com os cenários, que podem ser destruídos de várias maneiras, é um dos principais trunfos. No caso de MW2, era possível se proteger em uma casa e ir matando inimigo por inimigo com certa paciência e comedimento. Essa tática, no entanto, deve ser usada com mais parcimônia em BC2, pois granadas podem derrubar paredes, o que acaba deixando o jogador desprotegido. A destruição do ambiente também pode ser usada a favor para abrir caminhos alternativos ou tombar um franco-atirador que se encontre numa casamata.

Graficamente, BC2 está um passo a frente de MW2, apresentando mapas bem extensos nos mais diferentes ambientes, como florestas, neve, praia e desertos. Outro recurso muito bem implementado é o uso de veículos. Em diversas situações, o jogador se verá obrigado a pilotar quadriciclos, helicópteros, tanques de guerra, barcos e motos.

Por outro lado, a ação encontrada em Bad Company 2 pode irritar os jogadores que gostam de jogos 100% manipuláveis. O jogo é todo entrecortado com pequenos clipes que mostram o desenrolar da história. A aposta da EA era criar um ambiente de guerra com personagens mal humorados, como na maioria dos filmes do gênero. Mas uma coisa fica cada mais óbvia: personagens em 3D não são atores e, em quase 100% dos casos, o resultado dos diálogos atinge no máximo o nível constrangedor. Prova disso pode ser encontrada no principal alvo de BC2. Modern Warefare 2 conta a mesma história, e de forma melhor, sem usar nenhuma cut scene.

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