Dois mundos entram em colisão mais uma vez em Marvel vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds, lançado na semana passada para Playstation 3 e Xbox 360. O exército da Marvel, com integrantes de peso como Capitão América, Hulk e Homem de Ferro, cerra trincheiras contra os mais conhecidos personagens do mundo dos games. Ao todo, 38 heróis e vilões, divididos igualmente nos dois universos ficcionais, estão disponíveis para batalhas locais e on-line.
Os jogos de luta 2D, que tiveram seu auge nos anos 90, ainda são poucos nesta geração. O melhor até agora é o belíssimo Street Fighter IV com seus cenários "aquarelados". Estes poucos, no entanto, estão recebendo atenção devida das produtoras e, normalmente, chegam com um acabamento muito refinado. Este é o caso Marvel vs. Capcom 3 (apesar do nome, é o quinto jogo da série), uma mistura entre o mundo dos quadrinhos e dos games. A série, nascida em 1996 com X-Men vs. Street Fighter, não foi apenas pioneira ao mesclar diversos universos ficcionais em um jogo de luta 2D. Ela foi a primeira a incorporar o sistema de Tag Battle, que permitia aos jogadores usar mais de um personagem por disputa, jogabilidade que acabou se tornando quase um padrão no estilo principalmente nos fliperamas.
A história principal mostra os principais vilões tentando dominar o mundo, como sempre. Cada personagens ganha um enredo diferenciado e um final único. Mas o mais divertido nesses games não é a campanha e, sim, compartilhar com amigos algumas horas de pancadaria virtual na pele do Homem-Aranha, Mike Haggar (Final Fight), Akuma (Street Fighter) ou Chris Redfield (Resident Evil).
Cada jogador tem que escolher três personagens, que lutam sozinhos e podem ser trocados no meio das batalhas. Com isso, o leque de opções para enfrentar um adversário triplica. Se está difícil abater um personagem muito forte (e lerdo), dá para escolher um lutador mais rápido e com golpes aplicado a longa distância. Com 38 personagens, há milhares de combinações possíveis para cada lado. Mesmo assim, muitos usuários queriam mais e reclamaram a ausência de diversos heróis, como os integrantes do Quarteto Fantástico, Surfista Prateado e Megaman, presentes em versões anteriores. Os produtores deram desculpas técnicas para a exclusão dos personagens que já apareceram em edições anteriores. No caso do Surfista Prateado, por exemplo, não foi possível incluir o uso da prancha de surf no motor do jogo.
Os comandos foram simplificados para tornar o jogo mais acessível ao grande público. Ao contrário de botões de ataques separados pelo grau de intensidade (chute ou soco fraco/médio/forte), os produtores resolveram adotar um novo sistema com golpes já pré-definidos, culminando no "Modo Simples" que traz movimentos completos, como magias, com o apertar de apenas um botão. A mudança vai agradar os jogadores menos experientes, mas desagradou o americano Justin Wong. Quem é ele? Campeão de Marvel Vs. Capcom 2 por 7 vezes, nos anos de 2001, 2002, 2003, 2004, 2006, 2008 e 2010. Bem, digamos que ele merece ser ouvido neste caso.
A reclamação do jogador profissional, que já protagonizou até documentário, é de que MVC3 "deve ser o jogo mais fácil já feito". Pelo Twitter, Wong disse: "Se você quiser vencer, basta aprender a jogar com o Sentinela em um minuto. Hora de voltar para MVC2″. Segundo o campeão, o jogo não foi bem balanceado e a simplificação dos controles pode tornar a disputa menos emocionante.
Simplificar os comandos, no entanto, acabou tornando a disputa ainda mais justa, pois os jogadores terão que ser mais criativos durante os ataques e defesas. Não é preciso consultar os manuais para saber como soltar uma bola de fogo, por exemplo. MVC3 parece não querer ser apenas uma plataforma oficial para os profissionais da luta virtual. Se o leitor desta coluna não planeja disputar um campeonato mundial e treinar mais de 10 horas por dia, não precisa se preocupar com as reclamações de Wong.