O assassino do jogo, com Florença a seus pés: Leonardo da Vinci, quem diria, virou ajudante de bandidos em um jogo que mistura o Renascimento italiano com o estilo violento de Grand Theft Auto| Foto: Reprodução

Leonardo da Vinci é um dos maiores gênios da história. O italiano era engenheiro de guerra, arquiteto, cientista, anatomista, pintor, escultor e muitas ou­tras coisas mais. Pintou Mo­­na Lisa e A Última Ceia. Dese­nhou o Homem Vitruviano. Enfim, um polímata. O que ninguém sabia, o que inclui o autor desta coluna, é que da Vinci também se prestava a ser conselheiro de assassinos. Lógico que este ofício é produto de ficção e o que move o novo jogo da Ubisoft que chega para o Play­station 3 e Xbox 360: Assassin’s Creed 2.

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Comecemos por um passado não tão distante. Em 2007, o lançamento da primeira versão de Assassin’s Creed gerou grande expectativa na indústria. Foi uma das primeiras franquias desenvolvidas especialmente para esta geração de videogames. Prometia arrancar o máximo do desempenho gráfico dos consoles de alta resolução. Arrebentou em vendagens, o que garantiu a sequência, mas não foi muito bem recebido pela crítica, que o considerou muito repetitivo. Era um jogo apenas honesto ambientado no Oriente Médio em plena Idade Média.

Nesta segunda parte, a história dá um pulo de 300 anos para levar o jogador até a Florença renascentista, terra de da Vinci. O enredo conta as desventuras de Desmond Miles, descendente de uma linhagem de assassinos profissionais. Com uma máquina de DNA – não perguntem sobre a tecnologia empregada – ele revive memórias de um de seus antepassados, Ezio Auditore, o personagem principal de toda a ação. O protagonista deve então sobreviver às intempéries e arranjar tempo para desvendar os mistérios de sua existência, que não sou poucos. Manuscritos espalhados pela cidade vão dando algumas pistas. Somente com a ajuda do gênio da pintura será possível sobreviver em tão ríspida era e chegar ao fim da jornada. Da parte de Leonardo da Vinci, resta a infeliz missão de desenvolver bugigangas e acobertar as besteiras que Auditore aprontar.

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À primeira vista, Assassin’s Creed 2 parece uma mistura entre os primeiros jogos da série Prince of Persia e Grand Theft Auto. Movimentação furtiva num grande universo sandbox, no qual é possível interagir com quase tudo que aparece na tela. A direção de arte foi competente ao conseguir recriar a cidade italiana. Pode-se explorar os cenários dos mais variados tipos, desde andando (o mais perigoso) até escalando prédios e casas no estilo le parkour, técnica que usa apenas movimentos do corpo para transpor obstáculos.

Em uma das principais missões, o jogador deve vingar a morte de familiares de Audi­tore. Para isso, deverá fazer uso de armaduras e armas que po­­dem ser compradas em lojas especializadas. O dinheiro é amealhado com outras pequenas missões, como cuidar de uma pequena vila, sugeridas por personagens secundários que podem ser abordados pelas ruas. Ou pode sair roubando quem aparecer pela frente. Vai da escolha de cada um.Assassin’s Creed 2 é uma espécie de GTA da Renascença, o que pode ser considerado um ponto positivo. Não há nenhum detalhe que possa desmerecê-lo. Tudo funciona direitinho, co­­mo manda o figurino. Lem­bra a visão pré-renascentista do perfeito. Ideia comprada por da Vinci ao tentar desenhar como seria um homem com as medidas perfeitas. O game funciona em todos os quesitos. Jogabili­dade calibrada, ambientação caprichada com bastante ação, desenvolvimento de personagem e muita interatividade. Foi muito mais bem avaliado que seu antecessor, mas ainda não parece ser uma obra-prima.