A cada ano que observo o até então conhecido como "sexo frágil" romper mais um fragmento de seu estigma "fraco". É admirável o que elas conquistaram ao longo da História. Dominaram os lares, acharam seu lugar ao sol nas empresas, conquistaram a sociedade. Nas empresas ou em casa, elas conseguiram provar e assumir seu verdadeiro potencial. Conseguem ser determinadas e comedidas, guerreiras e sensíveis, mães e executivas. Duplicidades por vezes antagônicas, mas complementares. Curiosamente, fazem tudo isso ao mesmo tempo – coisa que poucos homens conseguem.

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Após o Dia Internacional da Mulher, não poderia deixar de me lembrar desta história, onde uma mulher com atitude e coragem me proporcionou o currículo mais original com que já me deparei.

Alguns anos atrás, certo cliente solicitou uma posição executiva para sua empresa, um gerente de marketing. Companhia essa de grande porte, na época com mais de 3 mil funcionários, onde 60% dos cargos eram ocupados por mulheres. Contudo, o primeiro requisito que esse cliente solicitou foi um tanto quanto incomum. Ainda lembro de quando ele me disse: "Bernt, não pode ser mulher".

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Então, começamos a buscar, abordar profissionais e falar com algumas pessoas. Foi aí que me deparei com o currículo mais original que já recebi em anos de carreira. E imaginem, era de uma mulher chamada Inês.

Para começar, no anexo do e-mail Inês enviou uma carta escrita à mão. Nessa carta, ela falava sobre seu interesse pela oportunidade, suas principais experiências e objetivos de carreira. Em cinco linhas ela conseguiu prender minha atenção e me deixou muito curioso para saber o que dizia seu currículo – o que se mostrou ainda mais surpreendente.

O currículo poderia ser normal, como tantos outros que vemos, se não fossem as observações colocadas no rodapé do documento. Havia quatro tópicos, colocados da seguinte maneira ao fim do currículo: "1) Quando trabalho para alguém, visto a camisa pra valer. Produzo muito. 2) Como produzo muito, às vezes erro. E quando erro não gosto de ser chamada a atenção em público. 3) Sempre corrijo os meus erros, por isso produzo muito. 4) Como produzo muito, quero ganhar muito."

Meus colegas de recrutamento e seleção que estão lendo esse artigo com certeza sabem que, ao se deparar com uma situação como essa, se trata de uma atitude rara e incomum. Rara não apenas pelos tópicos citados, mas também por falar do futuro em um currículo, onde grande parte dos profissionais fala apenas do passado. Não pensei duas vezes: Precisava conhecer aquela profissional.

Após conhecê-la, e mesmo sabendo que meu cliente não gostaria que uma mulher assumisse aquela posição, levei o currículo de Inês e de outros dois finalistas até ele. A primeira reação dele foi como eu esperava. Não deu muita atenção e deixou o currículo da moça de lado. Algumas horas mais tarde, recebi uma ligação do cliente, requisitando uma entrevista com Inês. A entrevista foi marcada para as 9 horas do dia seguinte. Às 11 horas, Inês me ligou agradecendo toda a confiança e apoio dedicados a ela, pois seria a nova gerente de marketing da companhia. E a novidade não foi apenas essa, foi também que o cliente optou por ela, sem ao menos entrevistar os outros candidatos.

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O que podemos aprender desse caso? Não é o ímpeto das observações colocadas no currículo, mas a maneira como as mulheres têm inovado e lutado para buscar seu lugar de direito no mercado de trabalho. Sabemos que ainda há muitas posições de destaque para ocuparem na sociedade, além de outras diferenças a igualar, como a remuneração, por exemplo. No artigo desta terça-feira, falarei mais sobre algumas mudanças positivas que beneficiaram as mulheres na sociedade nos últimos anos. Até lá!