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Talento em pauta

Ano sabático

Ficar um tempo longe da empresa e/ou profissão pode ser uma boa saída para profissionais que andam meio perdidos sobre qual rumo tomar em suas carreiras. Essa prática, mais conhecida por período sabático, tem sido cada vez mais comum entre profissionais de todos os níveis hierárquicos. Vários são os motivos que levam um profissional a buscar um tempo longe da rotina dos escritórios, mas o principal deles ainda é o alto nível de estresse. Trabalhar todos os dias numa correria que parece não ter fim, viagens longas e cansativas, prazos curtos, cobranças descabidas e uma infinidade de outros fatores que influenciam negativamente na produtividade são apenas alguns dos causadores desse estresse.

História

No mundo judaico antigo, um de cada sete anos era destinado por lei ao repouso compulsório para as pessoas e para a terra. Pois neste período era proibido semear ou colher. O termo "sabático" significa repousar em hebraico. Durante o século 19, essa prática foi trazida para as universidades americanas, para que os profissionais tivessem um período destinado para realizar uma reciclagem acadêmica. Já as empresas, tiveram sua primeira experiência com o sabático nos anos 50, como tentativa de combater a falta de motivação e outros contratempos que os profissionais podem encontrar durante suas trajetórias profissionais. Desde então, muitas empresas têm percebido as vantagens que um período como esse pode trazer para a produtividade dos seus trabalhadores.

Esse período em nada se parece com as férias comuns, que todos os funcionários têm direito uma vez ao ano, pelo período de 30 dias. Não deixa de ser um período de afastamento do trabalho. O afastamento sabático, porém, tem a atenção destinada para o enriquecimento e desenvolvimento pessoal e/ou profissional. Nesse ínterim, muitos profissionais optam para buscar o autoconhecimento. Busca-se um diálogo interno, como quando se dá conta de nossas fraquezas e de nossos segredos mais íntimos. Com essa prática, fazemos reflexões profundas acerca de nossa vida e, assim, temos a oportunidade de eliminar as lamentações e os pensamentos negativos. Em contrapartida, abandonamos o período de vitimização, que nos impede de enxergar as soluções para os nossos problemas.

O que fazer

Há várias maneiras de aproveitar o ano sabático. Escrever um livro, aprender um novo idioma no próprio país de origem, fazer um voluntariado, dedicar-se a uma reciclagem profissional – um mestrado, por exemplo. Ou seja, tudo depende do seu objetivo de vida e de suas prioridades. Podemos encontrar poucas empresas que realizam esse tipo de projeto com os funcionários, mas não deixa de estar em evidência no mundo organizacional como uma alternativa para a adição de um conhecimento que dificilmente o colaborador conseguiria adquirir como funcionário.

Porém, quem opta por ficar tanto tempo afastado do emprego, acaba tendo de abrir mão de uma série de coisas e se adaptar a uma nova realidade. Alguns profissionais precisam lidar, por exemplo, com desníveis hierárquicos, ou seja, deixam um posto alto de trabalho e, após se retirar por um período refletindo sobre sua vida, volta num posto menor.

É importante entender o principal objetivo de um período sabático. Profissionais que o fazem, normalmente, são aqueles que se encontram em dúvidas profundas de que rumo seguir em suas carreiras, ou que se encontram insatisfeitos com o direcionamento que o mercado tem dado a sua vida profissional.

Muitos, inclusive, aproveitam um tempo como esse para decidir se querem continuar como colaboradores de uma empresa ou se preferem (e po­­dem) seguir uma carreira solo, abrindo um negócio ou atuando como consultor de um ramo que domina profundamente. Significa, em suma, "sair do mercado" por um tempo para conhecer a si próprio, suas capacidades, anseios e desejos.

Porém, reconheço que no Brasil a maioria das empresas recusa qualquer tipo de negociação nesse sentido. É exatamente por isso que o profissional que decide se afastar precisa ter uma boa estratégia e estrutura financeira sobre como agirá pelo tempo que não trabalhará – pois nesse tempo não contará com nenhuma receita. Alguns precisam abrir mão de um padrão de vida para entrar num modelo muito mais enxuto. É preciso avaliar os prós e contras de uma atitude como essa e pensar que nem sempre o que é bom para uma pessoa pode ser bom para você e, além disso, é possível buscar outras soluções para o descontentamento profissional. Converse com o seu gestor e, sempre, reflita muito antes de tomar qualquer atitude.

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