De dores de cabeça a graves problemas de saúde, o estresse traz consequências tanto na vida pessoal quanto na profissional. Se a fase de separação de um casal pode prejudicá-lo no trabalho, o excesso de horas extras na empresa, por sua vez, também afetará negativamente as relações pessoais e a rotina do lar.
Como já é de praxe, compartilharei com você, leitor, a história de um amigo meu. Apesar de ser um pouco extrema e aparentemente incomum, na realidade, casos como o dele são mais frequentes do que se imagina.
Ricardo é especialista em Tecnologia da Informação e, na minha opinião, um dos melhores que conheci nos meus vinte e poucos anos de carreira como headhunter. Ele tem diversos cursos, certificações e especializações que na época o tornavam muito especial e requisitado no mercado de trabalho. Resumindo, ele tinha competências técnicas raras na sua área da atuação e por isso tinha um bom cargo numa multinacional, com um salário ainda melhor.
No entanto, por ser o único da área que tinha determinados conhecimentos, também era quem mais trabalhava por conta disso. A quantidade de projetos e tarefas que realizava eram incontáveis, sem falar nos pedidos de ajuda dos demais colegas que acabava respondendo, mas no início ele não mostrava desmotivação e conseguia cumprir com todos os seus compromissos e prazos.
Nesta época, Ricardo já deveria ter quarenta e poucos anos, três filhos e uma esposa. Mas ele, na verdade, era realmente casado com a sua profissão. Simone, a sua esposa, já havia se acostumado com o marido chegando tarde em casa todos os dias, trabalhando sexta à noite, sábados, domingos e de vez em quando nos feriados também. Era comum desmarcar viagens em cima da hora para finalizar projetos da empresa. Mas, por incrível que pareça, ele pouco se queixava.
Após alguns anos, Ricardo começou a apresentar problemas de insônia e tensões musculares que o obrigaram a tomar medicações regularmente. Suas olheiras estavam mais profundas e sua aparência, cansada. Na mesa de almoço, seu assunto era o trabalho, afinal não tinha tempo para realizar outras atividades, nem mesmo no final de semana. As poucas horas livres que tinha eram destinadas a descansar em casa, de preferência em seu quarto, com as luzes apagadas e sozinho.
Preocupada com o marido, Simone o forçou a consultar-se com psicólogos e psiquiatras, que o diagnosticaram com depressão. Seu comportamento no trabalho mudou e seu desempenho também. Ele passou a confundir tarefas e esquecer outras. Tornou-se introspectivo e pouco falava durante o dia. A situação piorou tanto que ele precisou ser afastado do trabalho por questões sérias de saúde. Ficou meses fora do mercado sendo tratado e sem poder realizar atividades sozinho.
Os nomes destes personagens são fictícios, mas a história é verídica. O excesso de trabalho e muita pressão podem provocar esses resultados em qualquer profissional. É preciso ter consciência dos próprios limites e manter uma relação transparente com seu gestor para não deixar a situação chegar a este ponto.
No artigo de terça-feira falarei mais sobre como evitar o estresse e identificar os sintomas. Não deixe de conferir. Até lá!