Uma entrevista de emprego não se resume apenas ao responder de uma dúzia de perguntas ou rezar para que seu currículo seja aceito. Aqueles 40 minutos são uma oportunidade de cada um mostrar ao entrevistador quais são suas qualidades e por quais motivos deveria recomendar a sua contratação.

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Apesar de se tratar de uma conversa entre duas pessoas – a diferença é que nela há objetivos definidos para ambos os lados –, algumas pessoas não sabem bem como lidar com a situação, seja por nervosismo, insegurança ou simplesmente autoestima baixa. Nos 35 anos em que estive envolvido com recursos humanos, vi e ouvi diferentes histórias, algumas delas engraçadas, sobre entrevistas de emprego. No artigo de hoje citarei algumas destas histórias, que mostram como uma simples entrevista pode ser carregada de muita história. O objetivo aqui não é ridicularizar ninguém, mesmo porque entrevista é coisa séria. O fato é que, às vezes, participações não muito boas ou adequadas acontecem. Todos os nomes citados foram, obviamente, trocados.

Dizer a verdade

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Decidir quem será o próximo CEO de uma organização não é uma tarefa fácil. Neste processo, foram longas entrevistas até decidir quem ocuparia o cargo mais alto na hierarquia da companhia. Ao fim do processo, Alexandre foi o selecionado. Todos pensavam que a escolha não poderia ter sido mais assertiva. Porém, no mesmo dia em que Alexandre assumiu o cargo, um colaborador o reconheceu e comentou com os demais diretores sobre a última empresa em que ele havia trabalhado. Contudo, em seu currículo, essa empresa não constava, ele a havia omitido. Tal atitude assustou toda a direção da empresa, que decidiu afastar Alexandre do cargo, antes mesmo de ele assumir por completo a posição.

A organização possuía políticas tão fortes que não podia manter alguém em um cargo tão importante que tivesse ferido uma das premissas da empresa: a confiança mútua, mesmo que ele tivesse desempenhado um ótimo trabalho naquela companhia.

Por isso, procure não omitir fatos, caso tenha cometido erros. Admita e conte o que aprendeu com eles. Afinal, em algum momento, tudo pode vir à tona – para o bem ou para o mal.

Dupla personalidade

Após o anúncio de aposentadoria do diretor da área, a empresa deu início ao processo seletivo interno para o preenchimento da futura posição aberta. Ronaldo era um dos candidatos a esta vaga. Porém, em sua primeira entrevista do processo, mostrou-se extremamente arrogante. Exibia um orgulho exacerbado sobre seus atos e opiniões ao responder a maioria das perguntas técnicas. Entretanto, como a entrevista era por competências, o candidato também precisou responder perguntas sobre sua vida pessoal. Pego de surpresa, mudou totalmente de semblante e, ao falar da mãe, chegou até a chorar. Nesse caso, podemos notar uma personalidade dúbia, que ao início ostentava uma imagem de homem invencível e, no desfecho, demonstrou enorme fragilidade em sua vida pessoal.

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Todos nós temos uma imagem real (o que realmente somos) e a idealizada (o que gostaríamos de ser). Pessoas orgulhosas demais acabam se apegando apenas à imagem idealizada, e não na real, por simplesmente não gostarem desta última. Na entrevista é fácil perceber quedas de personalidade. Algumas pessoas preferem passar uma imagem aumentada do que elas realmente são, esquecendo-se das suas qualidades intrínsecas, que poderiam até ser um diferencial.

Sinceridade demais

Laura estava tentando se recolocar no mercado de trabalho. Ao ser entrevistada para uma nova oportunidade acabou contando às entrevistadoras o real motivo de ter saído de seu último emprego. O desfecho profissional na última companhia foi um tanto constrangedora. Ela relatou que sofria assédio sexual por parte de seu antigo gerente. Nesse caso, o excesso de informações sobre o desligamento foi desnecessário. Apesar de ser uma situação delicada, não precisava se expor desta maneira aos entrevistadores, mas sim à polícia. Falar mal de uma pessoa ou empresa anterior é, no mínimo, uma atitude antiética – mesmo que a pessoa tenha razão e seja, de fato, vítima da situação.

Nesta terça-feira falarei mais sobre como se preparar para entrevistas e que postura os candidatos podem esperar dos entrevistadores. Até terça-feira, na próxima Coluna Talento em Pauta!

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