Um pouco de educação não faz mal a ninguém não é mesmo? Porém, acredito ser de suma importância que os profissionais que representam a empresa em eventos e almoços tenham uma dose a mais de preocupação com a maneira de se comportar pois, além de prezarem pela sua imagem, prezam, também, pela imagem da empresa.
Certa vez, ao realizarmos um processo de seleção, tomamos conhecimento que um dos candidatos possuía uma peculiaridade bastante curiosa. Roberto era conhecido no meio empresarial como Bob Esponja, um trocadilho com seu nome e o costume de beber todas nos eventos de que participava. Pedimos referências de algumas empresas pelas quais ele passou e em cada uma que ligamos tomamos conhecimento de histórias diferentes.
Na primeira, uma multinacional do segmento alimentício, quem nos atendeu foi sua antiga coordenadora. Marcela contou que Roberto era um profissional de exímia competência e que suas atribuições iam além do cargo que ocupava na empresa. Contou, inclusive, que ele só não foi promovido enquanto estava lá, por não haver espaço para crescimento, porém, se ele houvesse esperado mais alguns meses, certamente estaria num patamar bastante elevado. Ao perguntarmos se havia algum defeito que ela gostaria de dizer, Marcela não conseguiu se conter. Contou-nos do apelido de Roberto (foi assim que tomamos conhecimento dele) e narrou o ocorrido de uma das festas da empresa.
"Roberto possuía excelentes qualidades comportamentais e era um rapaz muito benquisto por todos da empresa. Acredito que exatamente por isso, na primeira festa da empresa da qual ele participou ele acabou tomando umas bebidas além da conta. Moral da história, saiu carregado da festa e foi parar numa enfermaria tomando glicose", relatou Marcela. Após nos contar a história, Marcela fez questão de enfatizar que isso não comprometia o bom desempenho do rapaz, porém ficou taxado por essa e outras gafes que cometeu ao longo de sua estada na empresa.
Porém, ao questionarmos uma segunda fonte de referência, percebemos uma opinião completamente contraditória à de Marcela. Fernando, seu colega em outra empresa onde Roberto trabalhou, mal falou das conquistas do rapaz na empresa. Desatou a falar sobre a má fama de Roberto. "Eu não me comprometeria em indicar um profissional como ele. Tive muitos problemas com ele, afinal nós precisávamos frequentar almoços com clientes e fornecedores, e no final eu sempre passava vergonha. Era impressionante, mas Roberto sempre pedia bebidas alcoólicas nesses encontros e acabava pagando mico na maioria deles", contou-nos. Ao questionar Fernando sobre as contribuições de Roberto para a empresa, ele foi claro ao dizer que nem teve tempo de perceber qualquer contribuição, pois Roberto logo fora demitido por causa de sua mania vexatória.
Por fim, ao pedirmos referências a seu último chefe, tivemos uma surpresa. Giuliano admirava tanto o trabalho de Roberto que disse que preferiu conversar com ele a respeito de algumas peculiaridades que tinha (sabíamos do que ele falava, mas ele mesmo não quis nos especificar sobre o que era), ao invés de ignorar e mandá-lo embora. Giuliano enalteceu Roberto o quanto pôde e fez questão de mostrar sua insatisfação em tê-lo perdido para um concorrente.
Como Roberto era muito bom no que fazia e possuía excelentes qualidades comportamentais e técnicas, resolvemos colocá-lo em terceira opção no processo para apresentar ao nosso cliente. Porém, por questões éticas, relatamos o que havíamos descoberto sobre ele. Como esperávamos, Roberto não foi aprovado pelo cliente. Mas, curiosamente, foi chamado de volta por Giuliano, seu antigo empregador, para ocupar uma posição de destaque dentro da empresa.
No caso de Roberto, ele acabou se saindo bem no final das contas. Entretanto, isso não é o que acontece na maioria dos casos. Como disse no princípio, um pouco de educação não faz mal a ninguém, mas ao representar uma empresa é preciso ter cuidado ao dobro com a imagem que você irá passar.
Não perca dicas de etiqueta empresarial na próxima coluna Talento em Pauta, em 4 de agosto