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Talento em pauta

Cada chefe, uma sentença

Durante minha rotina profissional, escuto histórias das mais diversas naturezas. Umas admiro, outras considero extremamente bizarras, mas independentemente do que eu ache ou deixe de achar, o mais certo é que aprendo com a maioria das histórias que conheço e é por isso que gosto de compartilhá-las com vocês. A história de Taís é uma dessas que me ensinou bastante. Quando conheci essa jovem moça, meiga e demasiadamente educada, logo supus que ela teria algo de interessante para me contar. E eu estava mais que certo, pois pessoas como Taís tendem a ser justas em seus julgamentos e não costumam reclamar por reclamar.

A jovem me contou que trabalha em uma consultoria tributária há quase cinco anos e desde que entrara lá, passara pela gestão de quatro chefes diferentes. A primeira, que a contratou, era tão meiga quanto Taís. Segundo a moça, trabalhar sob aquela gestão era um sonho, visto que Diana a deixava extremamente à vontade para criar e realizar todas as peripécias pertinentes à sua área, Recursos Humanos. A jovem, recém formada, chegara à empresa cheia de ideias, e colocá-las em prática era algo que lhe dava um profundo prazer. Diana, por sua vez, ensinava o caminho das pedras, explicando o que era aplicável e o que não era. A jovem me explicou que trabalhar com Diana era fácil, pois até para dizer "não", sua chefe tinha uma habilidade admirável. E um "não" de Diana era sempre recebido por Taís como um "você pode melhor que isso, basta tentar".

Porém, Diana recebeu a proposta de trabalhar numa multinacional onde teria maior chance de desenvolver-se profissionalmente. Ao receber a notícia, Taís preocupou-se apenas com um detalhe: quem, a partir daquele dia, a orientaria sobre a melhor forma de conduzir seu trabalho?

O novo chefe de Taís era Bruno, um jovem poucos anos mais velho que a moça, recém promovido e que se preocupava muito mais em calcular o que poderia comprar com o novo salário, do que gerir a equipe efetivamente. Taís sentia-se jogada às traças. Quando apresentava uma ideia ao novo chefe, recebia respostas evasivas, sem definições claras. Ele, por sua vez, ao convocar reuniões, prendia-se em assuntos irrelevantes. Mesmo assim, a jovem não se sentiu desmotivada. Sabia que poderia aprender muito naquela empresa, só precisava mesmo alinhar sua maneira de ser ao novo chefe. Curiosamente, e sem que ela mexesse nenhum pauzinho, poucos meses depois da efetivação, Bruno foi demitido.

Taís estranhou o fato de novamente ter que se adaptar a um chefe que não conhecia. Mas não viu nisso um problema, pelo contrário. Acreditava que desta vez poderia encontrar em seu caminho alguém mais experiente em gestão, que tivesse o mínimo de discernimento entre o que faz um líder e o que faz um colega de equipe. Esperava desse novo chefe, o mínimo de orientação a respeito do que fazer e de como fazer seu trabalho. Mas, ao receber a notícia de quem seria seu novo chefe, veio o choque. Agora, quem lideraria sua equipe, seria Bárbara, a única pessoa naquela empresa com a qual Taís não se dava bem. Nunca tiveram uma briga, tão pouco discordaram em algum assunto. O santo das duas simplesmente não batia.

A jovem tinha todas as armas na mão para desistir de trabalhar ali e ir em busca de uma nova oportunidade profissional. Mas, não foi isso que ela fez. Apesar de meiga, Taís demonstrava-se uma moça de opinião, e que não se abalava facilmente com os pormenores da vida. Com isso, resolveu encarar o desafio. Com o tempo, descobriu que Bárbara era uma pessoa difícil de lidar. A moça era arrogante, mandona e entendia pouco da área de Recursos Humanos, apenas caiu ali de pára-quedas. Mas novamente a jovem encontrou nisso uma oportunidade de desenvolver suas habilidades comportamentais. Sempre respeitando Bárbara, Taís fazia seu trabalho com a mesma qualidade de sempre e não deixava de demonstrar à chefe que sua opinião era sempre valiosa para ela.

Hoje, Bárbara não se encontra mais na empresa e novo chefe de Taís é João, um gestor tranquilo, firme de posicionamento e com muita vontade de orientar sua equipe. A jovem acredita piamente que fez uma boa escolha, pois João, certamente, a desenvolverá profissionalmente como ela sempre esperou que um chefe pudesse fazer.

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