Recebo diariamente e-mails dos meus leitores e interajo com eles, sempre que possível, orientando-os e, muitas vezes, abordando os temas que eles me apresentam em minha coluna. Porém, semana passada recebi um e-mail que me chamou a atenção além do normal. Por isso, resolvi colocá-lo na íntegra aqui, com autorização da remetente, para que possamos refletir um pouco sobre o assunto e, melhor, dissertar sobre o tema na coluna Talento em Pauta de terça-feira. Durante a carta, você poderá perceber que Elisângela refere-se a um dos assuntos que abordei há algumas semanas, o endomarketing nas empresas. Espero que possamos tirar alguma lição de tudo isso. Boa leitura!
"Boa noite Sr. Bernt,
Leio o Talento em pauta sempre que é possível, e, muitas vezes, essa leitura desperta em mim alguns sentimentos. Tais sentimentos são sempre positivos e de motivação, mas preciso confessar que neste domingo senti um pouquinho de desconforto. Na verdade, senti desejo de trabalhar na empresa citada, parece um paraíso de perfeição, ela se encaixa perfeitamente em meus sonhos mais dourados quanto a minha carreira profissional.
Mas, como esposa de um comerciante que se esforça ardentemente para manter a empresa funcionando, isso me parece utopia. Sonho possível de ser realizado apenas por multinacionais que tem uma gestão diferenciada das pequenas empresas brasileiras, que estão sobrecarregadas de obrigações, tributos impagáveis, funcionários que não veem a hora de serem dispensados para conseguir uma graninha extra com um processo trabalhista mentiroso, vigilância sanitária sempre com uma nova exigência para processos antigos etc.
Sei que o senhor é presidente de uma conceituada empresa, que é sólida no mercado, provavelmente acostumada a trabalhar com empresas grandes, com visão e missão estabelecidas e seguidas à risca. Mas, ao escrever sua coluna, poderia olhar um pouquinho mais para o pequeno empresário, dar-nos um alento, uma esperança de um futuro melhor e mais promissor. Tenho a impressão que, quando não existem benefícios extras, estamos devendo algo, e isso traz peso e insatisfação, tanto para o colaborador quanto para o empresário.
Precisamos de fôlego e de apoio, pois nem sempre a realidade é cor-de-rosa. Na verdade, ela me parece bem negra nos últimos dias. Geramos emprego e renda para várias famílias, estamos há mais de 20 anos no mercado, e, infelizmente, temos uma gestão antiquada. Meu marido não consegue mudar a forma de gerenciar, pois acha que vai perder o controle se os dados da empresa estiverem em um computador que ele não sabe manusear. Infelizmente, ele não entende a importância de os funcionários serem tratados como tal e não como um membro da família que temos a obrigação de salvar de todos os apertos que eles se metem.
Mesmo assim, merece nosso respeito e admiração por conseguir manter uma empresa por tanto tempo, pagar tributos e salários em dia. Porém, quando somos obrigados a comparecer no Ministério do Trabalho, sentimos vergonha e discriminação pelo pré conceito que somos algozes de coitadinhos indefesos que precisam ir à justiça receber um direito que, na verdade, já lhes foi dado. Mas, como provar? Precisamos abaixar nossa cabeça e sempre fechar algum acordo que, normalmente, visa beneficiar apenas um lado da história. Enfim, o colaborador deve estar em primeiro lugar, mas quem ajuda o empresário?
Desculpe o desabafo, mas precisamos trabalhar juntos para mudar a mentalidade que foi implantada na mente do brasileiro, que temos todos os direitos, mas totalmente isentos de obrigação. Obrigada por dispensar seu tempo comigo.
Elisângela."
Aguardo vocês na Coluna Talento em Pauta de terça-feira para destrincharmos um pouco melhor o assunto sugerido por Elisângela.
Veja mais sobre esse assunto na coluna Talento em Pauta de terça-feira e mande sua história para coluna@debernt.com.br.
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