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Bernt Entschev

Comprometimento é jóia rara

Das diversas qualidades que o mercado de trabalho busca em um profissional, percebo que o comprometimento é a principal delas. Vem antes mesmo de habilidades como o dinamismo e a disposição, porque é a característica que, a longo prazo, faz a diferença nos resultados e na produtividade. Por isso, dedico a história de hoje a esse tema. Boa leitura!

Rosa assumiu a gerência da loja porque a profissional que tomava conta dessa função foi transferida para a matriz da empresa. Ela, na hierarquia da organização, era a próxima na escala de promoções. Assim, sem muito questionar ou ser questionada, recebeu o cargo de gerente da filial. No entanto, sua pouca experiência no setor e sua postura não a apontavam como a pessoa mais preparada para assumir tal responsabilidade. Mesmo assim, recebeu a promoção.

Nos primeiros meses, ela não mudou sua rotina. Continuava chegando e saindo no horário de sempre e realizando – exatamente – as mesmas funções de outrora. Rosa ainda não havia assimilado a nova função nem as mudanças que o cargo exigia. Em pouco tempo, os outros funcionários perceberam que a loja estava sem liderança e puseram-se a trabalhar com descaso, a apresentar resultados pífios nas vendas. As reclamações quanto ao atendimento começaram a surgir e alguns clientes migraram para a concorrência. Só então Rosa percebeu que deveria tomar uma atitude diferenciada.

Por essa razão, reuniu todos os colaboradores e apresentou-se formalmente como gerente, exigindo, em seguida, apoio e comprometimento com o sucesso da loja. Todos compreenderam a mensagem transmitida por ela, mas não assimilaram porque ela própria não demonstrava comprometimento algum com o estabelecimento. Saía assim que o relógio apontava as 18h e não se preocupava se determinado cliente tinha, ou não, recebido seu pedido. Não perguntava aos subordinados se precisavam de alguma coisa, se sua ajuda seria útil para sanar problemas de relacionamento ou de cumprimento de prazos ou de metas.

Rosa fazia o que sempre fez. A única mudança percebida foi a sua postura: por se sentir superior na hierarquia da empresa, a colaboradora se tornou um pouco mais distante dos colegas. Mas continuava a falar mal da organização durante o cafezinho e a fechar os olhos para os atrasos dos subordinados. Se ao final do dia a empresa havia vendido mais, mérito seu. Se havia ficado no vermelho, problema da equipe, dos proprietários. Não havia comprometimento com nada. Rosa, no entanto, recebia seu salário com orgulho e não reclamou do aumento vindo em razão da promoção. Achava-se merecedora do título de gerente e, por conseqüência, da nova remuneração.

Certo dia, em um evento organizado por um fornecedor da empresa, Rosa foi convidada a fazer o cerimonial de abertura. No papel de representante da filial, caberia a ela fazer um discurso explicando a razão do evento e agradecendo o empenho dos patrocinadores. Na ocasião, o diretor da matriz seria apresentado pessoalmente a ela. Mesmo com tamanha responsabilidade pelo sucesso do evento, Rosa não demonstrou comprometimento. Não checou se os convites haviam sido entregues a todas as personalidades da lista; se o bufê estava de acordo; se os colaboradores estariam em seus lugares, prontos para atender os visitantes. Enfim, nada fez.

O resultado de sua postura não poderia ter sido pior. Rosa não conseguiu se fazer entender ao ler o texto, pois não havia estudado e não conseguia pronunciar os nomes dos convidados. Também a falta de conferência nos itens do evento foi desastrosa, uma vez que o bufê entregou itens a menos; que os convites não chegaram ao destino no tempo previsto; e que os colaboradores não haviam sido treinados para a ocasião.

O fracasso do evento recaiu sobre Rosa, que perdeu a promoção e o cargo poucos dias depois. Ela, hoje, continua dizendo que foi injustiçada pela empresa. A profissional não consegue perceber, ainda, que foi a sua falta de comprometimento que cavou sua cova, nada mais.

***

É muito fácil cobrar da empresa a falta de possibilidade de crescimento profissional, das oportunidades de aprimoramento, de acesso às informações importantes. No entanto, a grande maioria dos profissionais não demonstra comprometimento nem envolvimento pessoal com os resultados da organização. Esquecem que o sucesso de sua carreira depende deles próprios, de suas atitudes e esforços. Não basta manter-se na média, executando o que lhe pedem e entregando somente o mínimo necessário para garantir o salário ao final do mês. É preciso mais responsabilidade e autonomia para assumir os rumos de sua trajetória profissional. Destaco novamente: o comprometimento – real – é a chave para a diferenciação, para um futuro promissor.

Saiba mais

Começou ontem, sábado, a terceira edição da Semana Criança Segura, promovida pela Johnson & Johnson em parceria com a ONG Criança Segura. Nos próximos dias, uma carreta com uma casa itinerante de 60 m2 passará por vários locais de São Paulo mostrando os riscos a que uma criança está exposta no ambiente doméstico. Depois, a carreta segue para São José dos Campos, São Bernardo do Campo e Curitiba. O mote da campanha é "mobilizar a população para evitar a morte de 6 mil crianças por ano no Brasil, vítimas de acidentes que poderiam ser facilmente evitados". O mesmo evento também é realizado regularmente nos Estados Unidos, na Alemanha, no Canadá e na China.

Esta coluna é publicada todos os domingos. O espaço é destinado a empresas que queiram divulgar suas ações na gestão de pessoas e projetos na área social, bem como àquelas que queiram dividir suas experiências profissionais. A publicação é gratuita. As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las. Contato: coluna@circulodoemprego.com.br, ou (41)3352-0110. Currículos: cv@debernt.com.br

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