Há não muito tempo um jovem senhor me procurou. Ele se queixava de que a equipe que liderava estava com pequenas crises. Nisto estavam envolvidos colegas, subordinados e ele, o superior. Havia discussões, desentendimentos, o clima deixou de ser agradável e a produtividade do time começou a cair. Após conversarmos, lembrei-me de quando eu mesmo tive uma pequena crise com um de meus chefes.
Ao contrário do que muitos já imaginam logo de início, nós adorávamos trabalhar juntos, eu o admirava, e muito. Ele era uma pessoa brilhante, e tinha muita confiança no meu trabalho. Trabalhamos um bom tempo na mesma equipe e o nosso relacionamento nunca teve problemas. Até que o fim de um ano específico chegou.
A chegada do mês de dezembro trouxe outra coisa além do calor: a festa de confraternização da empresa havia finalmente chegado. Os colaboradores, todos, colocaram um fim à ansiedade de aguardar pela grandiosa festa da empresa. Geralmente realizada em chácaras com piscina, salões de jogos, camas elásticas e outras atrações, a festa era estendida a toda a família. Eu mesmo levei minha esposa e filhos, ainda pequenos.
As crianças ganhavam presentes, havia abundância de carne e, consequentemente, de bebidas. Não há como negar que o brasileiro adora caipirinha, cerveja, ainda mais na companhia de bons amigos. Após muitas brincadeiras, futebol e campeonato de truco o momento de conversa e descontração tomou força na festa, e os colaboradores aproveitaram para conhecer os novos filhos que haviam nascido, as novas esposas e maridos de casamentos recentes e por aí vai.
Meu chefe, extremamente sociável com todos, havia exagerado um pouquinho na dose de bebida e acabou fazendo um comentário bastante inoportuno, que me deixou muito magoado. Desconsiderei o acontecimento na hora e decidi preservar a conversa para um dia de trabalho comum.
Na segunda-feira, chamei-o para conversar e expus a situação. Disse que me senti afetado pela brincadeira de mau gosto dele e disse que não admitia esse tipo de comportamento. Ele se lembrava do comentário que havia feito e ficou obviamente muito envergonhado pelo fato.
Após termos acertado a situação, nosso relacionamento nunca mais foi o mesmo. Apesar de eu conhecer o trabalho dele, e ele o meu, sentíamos um desconforto estranho sempre que nos víamos. Era inevitável. Anos de convivência tiveram um infeliz desencadear.
Você pode ter pensado que foi bobeira, coisa de momento, mas a mensagem que deixo é que, no trabalho, se você não quer passar por uma crise, não se dê oportunidades para criar uma e beber é um dos primeiros itens da lista.
Divergência de opinião, insatisfação pessoal ou profissional, mau desempenho, tudo pode ruir o bom relacionamento e desempenho de uma equipe. Qual a melhor maneira de agir, como evitar e como resolver essas adversidades? Terça-feira aprofundarei este assunto na Coluna Talento em Pauta. Até lá!