Uma das situações que mais me deixam perplexos nessa vida são as que envolvem roubos, furtos, desfalques, fraudes e qualquer coisa do gênero. Não consigo entender como que algumas pessoas aproveitam da ingenuidade dos outros a seu redor para conquistar algo de forma antiética, imoral e, muitas vezes, ilegal. Recentemente soube de uma situação que me deixou envergonhado só de pensar na cara da pessoa que abusou da boa vontade e confiança de seus empregadores.

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Caio trabalhava na área financeira e, como qualquer profissional dessa área, lidava diretamente com os cofres da empresa. O jovem com pouco mais de 30 anos era responsável por aquela área e, por isso, usufruía de algumas regalias comuns de quem trabalha nesta área, como acesso à talões de cheque, cartões de crédito com limite ilimitado, dentre outras.

Por alguns anos Caio comandou a equipe sem maiores problemas. Não havia nada que fizesse seus chefes desconfiarem dele, pelo contrário, sua postura sempre muito profissional fazia com que todos acreditassem que ele era realmente muito confiável.

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Até que um dia, todo aquele mundo perfeito que o rapaz havia construído fora por água abaixo por um deslize inaceitável. Durante uma viagem de visita a uma das unidades da empresa, um estagiário ficou responsável por ações menos importantes. Aliás, nem mesmo Ricardo (o estagiário) imaginava a importância do que viria saber durante aqueles dias.

Ainda inexperiente no que diz respeito aos relatórios financeiros, Ricardo encontrou em alguns deles, números que não batiam. Achando que se tratava de erros de cálculos, pôs-se a tentar inúmeras vezes fechar aquela conta, sem sucesso. Passou quase uma tarde inteira mergulhado em contas e mais contas, documentos fiscais e conferências de relatórios onde tentava achar o número que faltava.

Desconfiado de que, quem sabe, pudesse estar certo, chamou um colega analista da área para lhe auxiliar a encontrar o erro. No dia seguinte, os dois passaram horas buscando uma solução para o problema, sem êxito. Foi aí que, juntos, notaram que algo errado estava acontecendo e, desconfiados de que pudesse ser algo realmente muito sério, chamaram o diretor da empresa.

Em poucos dias, após contatos com a contabilidade da empresa e com gerentes de contas da empresa, perceberam que Caio vinha, há um bom tempo, desviando dinheiro da companhia. Lamentável, eu diria, mas uma realidade relativamente comum, principalmente em pequenas empresas, onde o controle do que entra e sai não é tão fidedigno.

Enquanto a empresa investigava Caio, obviamente ele nem mesmo imaginava isso. No dia em que o rapaz passou a saber tudo que haviam descoberto a seu respeito, ele não sabia a onde enfiar a cara de tanta vergonha e, para surpresa geral (e minha também) o jovem não negou... alegou que tinha tomado aquele dinheiro como um empréstimo e que pretendia devolver o quanto antes.

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Acontece que não estamos falando de quinhentos reais, ou mil e quinhentos reais. Estamos conversando sobre um desfalque de oitenta mil reais. Quando será que Caio pretendia devolver esse dinheiro? Desde quando alguém pega dinheiro emprestado (anda mais uma quantia dessas) sem avisar ninguém?

Seus empregadores ainda foram complacentes e não o denunciaram, apenas o demitiram sem que tivesse direito algum. Ainda me pergunto sobre a decisão da empresa em não ir até as últimas consequências com Caio. Até porque, uma pessoa como essa solta no mundo, sem pagar pelo que faz, pode, certamente, fazer o mesmo mais uma, duas, três vezes.

Caio não teve o que merecia e nem a empresa recebeu o dinheiro de volta. Indigno-me com situações como essas, pois sonho com o dia em que caminharemos nos trilhos. Mas, enquanto isso não acontece, sigo acreditando que isso poderá ser possível um dia!