Algumas características são fundamentais para profissionais de sucesso, sobretudo nos dias de hoje. Dinamismo, organização e proatividade são alguns dos itens exigidos pelas empresas na hora da contratação. A criatividade, por sua vez, é um aspecto que, embora não seja exigido para todos os cargos, é considerado um dos grandes diferenciais do profissional moderno. Por isso, as pessoas que não possuem essa qualidade são consideradas ultrapassadas e, inevitavelmente, são descartadas pelas organizações.

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Anderson, formado em Administração e com pós-graduação em Marketing sofreu na pele os efeitos dessa visão deturpada sobre a criatividade - ou sobre a falta dela. Após ingressar em uma empresa de capital internacional, no cargo de analista de Marketing, ele se viu obrigado a disputar cargos em que ela era mais exigida. Para conquistar maior visibilidade e maiores salários, ele precisaria assumir o departamento e, para isso, teria que estimular sua criatividade - pouco ativa até o momento.

Ele, diferentemente dos colegas do setor, era extremamente organizado e dinâmico, mas pouco imaginativo. Ele tinha dificuldades para sugerir temas para as campanhas de Marketing, bem como para direcionar o trabalho da agência de publicidade que prestava serviços para a empresa. Em compensação, Anderson sabia como ninguém como elaborar e tabular as pesquisas realizadas, como calcular os investimentos em propaganda e como dividir a verba anual do departamento. Seus relatórios eram detalhados e repletos de informações importantes. Além disso, ele tinha facilidade para cumprir prazos e para se relacionar com colegas, subordinados e clientes.

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No entanto, essas habilidades não o ajudaram a conseguir uma promoção. Na devolutiva do Departamento de Recursos Humanos sobre a escolha de outro profissional para assumir um cargo vago acima do seu, Anderson soube que sua falta de criatividade seria um empecilho para que ele crescesse no setor. Mesmo tendo tantas características positivas, tanto comportamentais quanto técnicas, a organização acreditava que a criatividade era a principal qualidade do profissional de Marketing.

Assim, Anderson se viu obrigado a fazer algo a respeito de seu ponto fraco. Matriculou-se em um curso de pintura e começou a freqüentar aulas de Filosofia. No entanto, após dois meses tentando ampliar sua capacidade de abstração e de imaginação, Anderson começou a sentir os efeitos do estresse. As dores de cabeça tornaram-se freqüentes, a irritabilidade começou a ser notada por sua equipe e a insônia se fez constante em sua rotina. Até que, finalmente, ele admitiu que não conseguiria desenvolver as habilidades em questão.

Após constatar o fato, Anderson reuniu-se com o diretor de Recursos Humanos, responsável pelas promoções, e contou-lhe sobre sua dificuldade de ser criativo. Explicou-lhe que, embora quisesse muito crescer na empresa, não seria feliz em um cargo no qual tivesse que exercitar a imaginação diariamente. Em contrapartida, enfatizou que poderia colaborar com o crescimento do Departamento de Marketing com suas outras qualidades e com seu perfil lógico e cartesiano.

Porém, o que se passou após a reunião ninguém esperava. O diretor de RH, munido das informações transmitidas pelo próprio profissional, chegou à conclusão de que a carreira de Anderson não poderia evoluir muito mais. Segundo sua análise, o profissional de Marketing que é incapaz de ser criativo tem um tempo de vida curto no mercado e, conseqüentemente, não é produtivo. Assim, Anderson foi desligado da empresa. Hoje, ele está recolocado em outra organização, mas na função de supervisor administrativo.

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A criatividade é, de fato, uma característica importante para os profissionais, mas não é a principal. As empresas precisam avaliar se essa qualidade, como qualquer outra, é necessária para a boa execução das tarefas. Pois nem sempre os aspectos exigidos no perfil de uma pessoa são utilizados em seu dia-a-dia de trabalho. Não faz sentido, por exemplo, exigir de um profissional o domínio de uma língua estrangeira, quando ele jamais fará uso dela para executar suas funções. A criatividade, no entanto, é bem-vinda em qualquer setor, para qualquer cargo, mas não pode ser uma característica excludente. Ou seja, aqueles que não possuem imaginação em excesso não podem ser excluídos do mercado e das promoções das empresas. É preciso bom senso para perceber que o ser humano possui diversas habilidades e, muitas vezes, a ausência de uma delas é recompensada pela presença de muitas outras qualidades.

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SAIBA MAIS...

Ouvir Bem

Nas duas últimas semanas de agosto, mais de 1.300 crianças de 44 escolas de Contagem, Vespasiano, Itaúna, Carbonita e João Monlevade, em Minas Gerais, passaram por consultas com otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos do Programa Ouvir Bem para Aprender Melhor, desenvolvido pela Fundação Belgo-Arcelor Brasil com o apoio da Fundação Otorrinolaringologia de São Paulo. Antes dessa etapa, cerca de 5.500 alunos de 1.ª a 4.ª série dessas cidades passaram por testes de triagem, que identificaram os que precisariam passar por uma consulta médica. O programa tem contribuído para melhorar a qualidade de vida e a inserção social de crianças de 6 a 12 anos com problemas de acuidade auditiva, estudantes de escolas públicas de dez municípios: seis de Minas Gerais, um da Bahia, outro do Espírito Santo e dois de São Paulo. Desde 2002, mais de 40 mil crianças e adolescentes já participaram das triagens do programa. Desses, quase 7 mil foram encaminhados para consultas e 184 receberam próteses auditivas.

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Esta coluna é publicada todos os domingos. O espaço é destinado a empresas que queiram divulgar suas ações na gestão de pessoas e projetos na área social, bem como àquelas que queiram dividir suas experiências profissionais. A publicação é gratuita. As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las. Contato: coluna@debernt.com.br, ou (41)3352-0110. Currículos: cv@debernt.com.br