Embora uma boa parcela da população já seja adepta das novas tecnologias, esteja conectada à internet e desfrute de velocidades de conexão cada vez maiores, ainda há indivíduos resistentes ao uso dessas ferramentas.

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A questão aqui é se essas pessoas são realmente prejudicadas por não estarem conectadas, ou se nada as diferencia dos profissionais que não vivem sem a tecnologia. Para entrar nesse assunto, vou lhes contar uma história que aconteceu recentemente em minha empresa.

Roberto é formado em administração, especialista em gestão contábil. Atuou como gerente financeiro por cinco anos em uma empresa de serviços. Nos conhecemos ano passado, quando ele entrou em um processo de outplacement (serviço contratado por empresas, com tempo determinado de duração, que visa auxiliar profissionais que serão desligados de suas funções a se recolocar no mercado). Roberto era bastante competente e possuía várias qualificações. Entretanto, fora desligado por um corte de gastos da empresa em que trabalhava.

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Após a fase de levantamento do perfil desse profissional, com avaliação das suas competências e debilidades, notamos uma característica de certa forma comum nos executivos da faixa de idade (46 anos) dele: Roberto era totalmente resistente aos meios digitais de relacionamento. Ou seja, ele não possuía e nem pretendia criar um perfil em rede social. Somente neste ponto, muitos já pensam que a pessoa "nem sequer existe", quando não tem um perfil como esses. Além disso, ele utilizava muito pouco o telefone particular, só andava com o celular da empresa e não se beneficiava da tecnologia para se organizar, como agenda eletrônica ou outros aplicativos e facilidades existentes.

O primeiro passo do programa foi orientar Roberto sobre os benefícios que os meios digitais trariam a ele, pois se ele pretendia encontrar em breve uma nova oportunidade de emprego, ele precisaria ter agora um "rastro" digital. Mas essa não foi uma tarefa fácil, pois ele tinha muito receio em acabar tornando pública a sua vida particular. Porém, um fator de extrema importância para quem está a procura de emprego é estar sempre próximo ao celular e ao e-mail, além de manter atualizada a página profissional nas redes sociais. Claro que mesmo sem essas ferramentas ainda é possível ser abordado por recrutadores, mas será bem menos provável. Além disso, sem as práticas citadas a cima, (celular, internet, e-mail, perfil nas redes sociais), o processo de ser encontrado será muito mais lento ou complicado.

Após quatro meses de conversa e exemplos reais apresentados a Roberto, ele aceitou criar um perfil no LinkedIn – principal rede de busca e relacionamento profissional. Mesmo ao criar seu perfil, houve uma certa resistência por parte do candidato em acrescentar informações sobre a sua trajetória naquela rede.

Contudo, após muita resistência, Roberto aceitou todas as nossas orientações. Começou a gostar da ferramenta e aprendeu a lidar com as redes digitais. Conectou-se a diversos profissionais com que trabalhou, encontrou outros diversos, e ganhou recomendações e elogios públicos na rede de vários deles – afinal de contas, ele era um profissional competente.

Após iniciativas mistas de inclusão nestes meios, participação em fóruns de discussão sobre a área de atuação e prospecção nas empresas de interesse, um de seus contatos lhe apresentou uma oportunidade. Ou seja, com a orientação correta, todos os esforços de Roberto culminaram no aumento de sua rede de contatos e, consequentemente, em uma chance maior de sucesso para se recolocar. Por essa mesma rede profissional, o LinkedIn, foi abordado por pelo menos três companhias. Um mês depois, ele conseguiu uma bela recolocação.

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Apesar de vermos exemplos como o de Roberto, não podemos simplesmente concluir que as pessoas conectadas são mais eficazes que as desconectadas. Claro que estar presente nas redes sociais e estar ciente das mudanças do mercado de trabalho influenciam bastante na hora de encontrar um novo emprego, mas, pelas competências, experiências e indicações, também é possível encontrar um novo lugar para se fixar profissionalmente.

Sobre os desconectados que não estão em transição de carreira, e mesmo assim não se adaptaram aos meios digitais, falarei mais no próximo artigo de terça-feira. Até lá!