Existe uma máxima que diz: "falem mal, mas falem de mim". Discordo completamente. Ser lembrado é muito bom, porém que sejamos sempre lembrados pela qualidade, seriedade, capacidade, pelas coisas boas que fazemos. É exatamente por isso que devemos sempre nos preocupar com a impressão que passamos aos outros. Muitos dizem que, por não deverem satisfações a ninguém, não se importam com o que os outros vão pensar se fizerem isso ou aquilo. Mas paremos para pensar. No mundo corporativo, a imagem profissional conta muito. Logo, não se preocupar com o que nossos colegas, clientes e fornecedores pensam a nosso respeito não me parece ser uma boa ideia.
Defendo a ideia de que um profissional, se não concordante com os valores de uma empresa, deve, mais do que depressa, buscar outra oportunidade em uma organização que, enfim, pense e aja de forma semelhante a seus princípios. Isso não quer dizer que, ao conseguir tal recolocação, pode-se ou deve-se sair por aí falando sobre os erros do empregador anterior.
Já falei aqui anteriormente, mas, não custa lembrar. Numa entrevista de emprego, um dos maiores erros do candidato é falar mal sobre a última empresa que trabalhou. Quando o entrevistador pergunta os motivos do desligamento, dificilmente as pessoas respondem que foi ineficiência própria ou coisa do tipo. Porém, independente se o profissional foi ou não o culpado pelos problemas que ocasionaram o desligamento, a culpa jamais deve cair em cima da antiga empresa. A impressão que se passa é que amanhã a vítima dos falatórios pode ser o novo emprego. O ideal é dizer a verdade, de forma amena, sem reclamar ou apontar fatos isolados. Dizer que havia incompatibilidade de perfil pode ser uma boa saída. Entrar em detalhes é praticamente dar um tiro no pé, mesmo que o correto seja o candidato. E, convenhamos, quando falamos mal de uma empresa onde já trabalhamos, falamos mal de nós mesmos. Ora, aquela empresa faz parte de nosso currículo, e fez parte de nossa história profissional, não há porque sairmos por aí falando mal a torto e a direito. É como se falássemos mal de nós mesmos.
Um profissional que fala mal de um antigo empregador pelas costas passa a impressão de uma pessoa rancorosa, infantil e desleal. Pior ainda quando isso ocorre com profissionais que fofocam sobre o atual empregador. Pergunto-me a onde essas pessoas querem chegar? Será que eles não percebem o quão mal fazem para sua imagem? É o mesmo (ou pior) que falar mal de concorrentes.
É muito comum, no meio publicitário, algumas empresas usarem falhas dos concorrentes para propagandear. Acho uma estratégia pouco eficaz. É muito melhor focarmos em nossas qualidades e objetivos e buscar alcançá-los sempre. A diferença entre uma empresa que perde tempo falando dos defeitos de seus concorrentes e uma organização que se preocupa em inovar é que a primeira dependerá sempre do insucesso da segunda. Porém, como a segunda busca sempre a inovação, dificilmente atingirá o insucesso.
Aprender com nossos próprios erros e, até, com os erros alheios é saudável. Porém o sujo falar do mal lavado já é outra história. Com os profissionais, podemos partir do mesmo princípio. Porque não focar na qualidade do seu próprio trabalho e buscar a inovação e qualificação constante, ao invés de perder seu precioso tempo falando mal de um colega ou, pior, de um antigo empregador? Desculpem-me a sinceridade, mas parece-me uma atitude complemente equivocada, para não dizer outra coisa.
Por isso, preocupe-se, sim, com a forma que você anda se apresentando ao mercado. Ser fofoqueiro, reclamão ou rabugento só depõe contra você mesmo. Tenho certeza de que a última coisa que uma pessoa quer quando faz isso é se prejudicar, mas, no final das contas, é o que acaba acontecendo.
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TESTE
Escolha a alternativa que mais se parece com você, em cada questão:
1) A hora do almoço é o momento de descontração.
a) É hora pra desabafar sobre o seu "chefe mala". Ninguém vai saber de quem você está falando.
b) Pode ser muito tentador, mas, falar da empresa no restaurante é perigoso.
2) É sexta-feira. Você e seus colegas se reúnem para um happy hour. O assunto é:
a) A empresa, os problemas e as pessoas que dela fazem parte.
b) Tudo, menos trabalho.
3) A empresa está enfrentando problemas financeiros e você está procurando um novo emprego. Na entrevista você:
a) Abre o jogo sobre a situação da empresa.
b) Procura outra justificativa para seu interesse em sair.
4) Você e seu chefe se odeiam. Ele resolve demiti-lo. Você:
a) Fala muito mal dele no mercado.
b) Fica muito bravo, mas sabe que não há nada para ser feito.
5) Você ouviu falar que seu ex-empregador "falou mal de você". Você:
a) "Posta" uma mensagem no seu blog manifestando sua indignação.
b) Fica na sua, você nem sabe se é verdade.
6) A empresa criou novas políticas que aos seus olhos são absurdas e abusivas:
a) Você fica tão indignado que sai desabafando com todos os amigos que encontra pela frente.
b) Você fica quieto, mas analisa se vale a pena permanecer na empresa.
7) Você ficou sabendo de fofocas "cabeludas" de seu chefe, que você considera muito arrogante. Você:
a) Conta para o pessoal do setor pra ele perder a moral.
b) Acha engraçado, mas não conta pra ninguém.
8) Você é demitido e vai trabalhar num concorrente. Você:
a) Conta para seu novo chefe as fraquezas da empresa anterior.
b) Trabalha com as fortalezas da empresa atual e não revela os segredos da anterior.
Você já sabe, não é? A maioria de "a" significa que você precisa aprender a se controlar, pois quem vai ficar mal no mercado é você.
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