Dias vêm e vão e muitos dos profissionais que atendo têm uma dúvida em comum, variando em pequenas nuances apenas sua essência: é importante se manter informado sobre o mundo? Até que ponto se qualificar? Como saber que tipo de vaga cada um consegue preencher pela sua capacitação? Informação e formação são fundamentais para o desenvolvimento completo do profissional, mas é preciso saber dosar estas escolhas com sabedoria.Profissionais que optam por realizar somente um curso ou outro não se bastam no mercado por muito tempo. Da mesma maneira, ter uma boa formação somente não basta, é preciso se manter atualizado sobre os acontecimentos, nos mais variados âmbitos. Isso ajuda no desenvolvimento crítico e social da pessoa em seu âmbito profissional e pessoal.
É interessante analisar o quanto o conceito de acessibilidade à informação mudou, para melhor. Na minha época eu tinha que recorrer às grandes bibliotecas públicas, que tinham as clássicas coleções de enciclopédias e outros grandes livros. Atualmente, a internet reúne grande parte do conhecimento e tem o que você quiser, como quiser, quando quiser, a um clique.
Porém, nesta delicada relação entre a formação e a informação, que envolve o conhecimento como matéria-prima, disparidades aparecem. Há pessoas que procuram se informar mais que se formar, e vice-versa. Com isso, surgem alguns problemas. Um deles são as pessoas que se tornam "estudantes profissionais". Estudam muito, têm uma qualificação muito boa e geralmente têm dificuldades em achar um cargo que utilize toda a sua capacidade cognitiva e técnica. E também há as pessoas que, apesar de se manterem muito informadas acerca de assuntos gerais, não detêm a formação técnica e específica em sua área de atuação, sendo barrada nos processos seletivos ainda nas primeiras etapas.
Por isso, é crucial que as pessoas saibam selecionar o conteúdo e a quantidade de informação e formação que procuram. A dificuldade está, porém, em saber o que as empresas querem e buscam.
E o que as empresas esperam das pessoas? Esperam basicamente duas coisas: a primeira é que o profissional entregue, com qualidade, aquilo para o que foi contratada. Segundo, esperam potencial.
As empresas não desejam um profissional que saiba fazer somente uma coisa, uma função ou atividade, querem pessoas com potencial de desenvolvimento e crescimento. Isso significa que ela não ficará acomodada às atividades, irá propor mudanças em seu ambiente de trabalho, buscará o desenvolvimento pessoal e da empresa em conjunto.
O interesse neste potencial está, também, naqueles momentos em que o profissional é demandado para fazer atividades muito superiores às quais foi contratado. Isso significa, em curtas palavras, conseguir entregar o próprio trabalho e substituir o chefe em eventualidades, suprindo demandas superiores às quais está habituado a fazer. Ou seja, é aquela pessoa que dá conta do que faz e conseguiria, também, fazer o que seu chefe faz, sem maiores problemas (além da questão de habituar-se ao trabalho dele).
Outro dilema que acompanha os profissionais é a remuneração. Diria que existem duas variáveis para que se chegue ao salário final de uma pessoa: a primeira é que todo trabalho tem um custo e um valor de retorno (em forma de lucro) para a empresa. A empresa pode optar por valorizar ou não um trabalho específico, e determinará o valor (do salário) baseado na dificuldade que o trabalho consiste e na pessoa que o executa. Se o profissional tem o potencial de crescimento, ele será consequentemente mais valorizado. O segundo fator é o valor de mercado.
O que o mercado tem ofertado para este tipo de trabalho é o que também será levado em consideração na hora de estabelecer o salário de uma pessoa. O salário é visto uma commodity (ou matéria-prima, matéria-comercial): quanto mais gente estiver oferecendo um determinado tipo de serviço, a remuneração média irá cair. Agora, quanto maior a complexidade de um serviço, e menos gente se dispor a executá-lo, maior será o valor agregado ao custo desse serviço. É a lei da oferta e procura.
Mas o que salário, commodity, informação e formação têm em comum? Apesar da salada mista de conceitos, saber isto tudo ajuda também que o profissional saiba determinar o "próprio preço" e saiba, em média, "quanto ele vale".
Esse conhecimento ajuda a fugir do que eu gosto de chamar de "dilema do trapézio". Muitos profissionais gostam de construir uma base grande e sólida, rica em informação de um lado, e rica em formação do outro. Mas, na hora de se candidatarem a uma vaga, acabam caindo em vagas menos importantes hierarquicamente, sendo subaproveitados na empresa. Ou seja, continuam acima o "trapézio da carreira" com arestas menores que as da base.
Para fugir disto tudo é preciso ter somente um pouco de objetividade. Primeiro, defina o que você quer fazer. Isto é possível fazer em qualquer momento de sua carreira. Seja para escolher uma profissão (na época de vestibular), quando já se iniciou a carreira (para escolher uma especialização) ou quando já se está no meio dela (MBAs e outros). Com isso, será possível determinar qual o tipo de informação que lhe interessa e, consequentemente, que tipo de formação (se necessária) lhe agregará valor de mercado e lhe tornará um profissional mais completo. Com isso em mãos, a chance de se dar bem, escolhendo empregos que se encaixem nas suas qualificações será muito maior.
Como já diria o velho bordão utilizado por jornalistas e outros profissionais da comunicação: Informação demais, nunca é de menos". Literalmente.
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TESTE
Sua carreira está no caminho certo? Marque as alternativas que se encaixam com o seu perfil.
1) Você possui um curso superior e trabalha na área, sem crescimento algum na carreira, há mais de cinco anos.
2) Numa reunião de negócios, seus colegas sempre apreciam as informações e ideias que você expõe.
3) Você, apesar de ser formado em diversos cursos, não procura se manter atualizado sobre conhecimentos diversos, inclusive sobre a sua área de atuação.
4) Apesar de ser formado e possuir cursos de especialização e conhecimento sobre diversos assuntos pertinentes à sua profissão, está descontente com o seu salário ou cargo.
5) Apesar de já estar consolidado no mercado, você está sempre estudando e procurando se aprimorar na sua profissão. Sua empresa acompanha de perto esse processo.
6) Acredita que "a prática leva à perfeição", por isso não se preocupa em estudar mais.
7) Você é praticamente um noticiário ambulante. Está por dentro de tudo que envolve política, economia, tendências de mercado e lê todas as revistas de sua área de atuação. Acredita que já sabe de tudo e por isso não precisa de uma complementação formal na qualificação.
8) Você procura se manter informado através de jornais, revistas e internet, pois acredita que, quanto mais conhecimento, melhor é para sua carreira.
Se você marcou as alternativas 2,5 ou 8, continue a levar sua carreira da mesma maneira: construindo bases sólidas, cheias em conhecimento. Isso trará benefícios para sua profissão e, consequentemente, para seu bolso. Se você marcou as alternativas 1, 3, 4, 6 ou 7, está na hora de você rever seus conceitos sobre o mercado de trabalho. Se você busca esta combinação entre formação e informação, mas mesmo assim está descontente com sua remuneração, talvez esteja na hora de arriscar um emprego que esteja ao "seu nível". Enxergue e acredite em seu potencial que, consequentemente, os outros passarão a lhe valorizar mais.