Alma teve uma criação diferenciada. Desde menina aprendeu a competir para conquistar sua autonomia e o respeito dos outros. Embora tivesse uma estrutura corporal mirrada e frágil por ter nascido prematura, seus pais a estimularam a participar precocemente de atividades nas quais a competição era requerida. Fez aulas de natação, judô e xadrez. Em todas as modalidades, Alma conseguiu sobressair e arrecadar medalhas e troféus.

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Passada a fase da infância, a jovem não perdeu o instinto de sobrevivência. Quanto mais competia, mais se sentia bem, segura e confiante. Além de deter o primeiro lugar no vestibular da faculdade de Administração, foi sempre a primeira aluna da turma, a que disputava os melhores estágios e a orientação dos professores mais gabaritados. Mesmo quando desenvolvia trabalhos em grupo, Alma competia com os colegas e fazia questão de finalizar sua parte primeiro, de apresentar o trabalho para a turma etc.

Quando foi aceita no programa de trainees de uma gigante multinacional, Alma não se sentiu realizada – achou pouco. Afinal, ela não aceitaria nada menos do que a Presidência da organização. Por isso traçou metas para seu crescimento profissional, incluindo em sua rotina diária diversas disputas. Analisando todos os colegas – que para ela eram simplesmente concorrentes –, descobriu as fraquezas de cada um e as usou para denegrir a imagem deles perante os superiores. Nas reuniões, disputava a atenção dos chefes e sempre falava mais e mais alto. Pleiteou, assim, todas as vagas que surgiram dentro da própria empresa. Em menos de cinco anos, chegou à Gerência do setor.

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Porém o excesso de competição e a falta de companheirismo com os outros foram um empecilho para Alma quando concorreu à vaga de gerente-geral. Seu histórico de sucesso e ascendência não foi suficiente para neutralizar a imagem negativa que ela havia nutrido – sem perceber – junto aos colegas e subordinados. Vista como uma profissional fria e calculista, Alma jamais alcançou o topo da organização.

A percepção da derrota arruinou a auto-estima da jovem, que nunca havia perdido uma disputa. Sem conseguir se recuperar da queda, ela caiu em depressão. Seu rendimento profissional diminuiu drasticamente e seus resultados declinaram. Algum tempo depois, Alma foi demitida da empresa. Hoje, ela admite que seu espírito competitivo extrapolou o aceitável e tenta, com a ajuda de um terapeuta, reestruturar a sua idéia de disputa e de instinto de sobrevivência.

Desde pequenos, aprendemos a disputar nosso lugar no mundo. Primeiro, a atenção dos pais, o reconhecimento dos professores e o carinho dos amiguinhos. Depois, disputamos uma vaga na universidade e no mercado de trabalho. E não pára por aí: as disputas nos perseguem por toda a vida, mesmo após a aposentadoria, quando deixamos de concorrer às promoções da empresa, mas buscamos a paz de espírito e a saúde do corpo. É a disputa por uma qualidade de vida melhor e pela longevidade. Por isso é tão difícil dosar a competitividade inerente à sobrevivência.

Por instinto, o ser humano é competitivo e não poderia deixar de ser. Todavia, é preciso encontrar o equilíbrio entre a disputa saudável e necessária e evitar a concorrência desleal e arbitrária. Essa última não favorece o crescimento e a sobrevivência do indivíduo; ao contrário, determina a canibalização da sociedade em geral. Pois quando desejamos sobressair à outra pessoa – a qualquer custo – negligenciamos a máxima da convivência em grupo, do respeito ao próximo. Por isso acredito que, muitas vezes, é preciso perder, abrir mão de um cargo, de um cliente ou da fama, para garantir a integridade e a consciência limpa.

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Arte sem limites

No decorrer da última semana, a Kraft Foods Brasil realizou internamente, em Curitiba, a exposição "Superação: A Arte sem Limites", composta por 40 quadros de artistas vinculados à Associação dos Pintores com a Boca e os Pés. Parte desses trabalhos será adquirida pela empresa, que com esse evento teve o intuito de incentivar a arte e valorizar exemplos de determinação e superação. Durante o período pelo qual se estendeu, a mostra trouxe à Kraft alguns dos autores das obras, que mostraram para os funcionários as técnicas que utilizam para pintar. A Associação dos Pintores com a Boca e os Pés reúne cerca de 500 artistas de 60 países. Fundada em 1956, sua sede no Brasil está localizada na cidade de São Paulo.

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Esta coluna é publicada todos os domingos. O espaço é destinado a empresas que queiram divulgar suas ações na gestão de pessoas e projetos na área social, bem como àquelas que queiram dividir suas experiências profissionais. A publicação é gratuita. As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las. Contato: coluna@debernt.com.br, ou (41) 3352-0110. Currículos: cv@debernt.com.br.