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Talento em pauta

Longe da empresa, mas nunca do trabalho

Na coluna de hoje contarei a história de dois profissionais que conheço. Ambos os profissionais, brilhantes na minha concepção, necessitaram, por motivos diferentes, a flexibilidade de trabalhar na modalidade de home office. A primeira, mãe viúva de um casal de gêmeos bivitelinos, e o segundo, dono de uma vontade e liderança tão grandes quanto o próprio ego.

Luiza, como disse, é mãe de gêmeos bivitelinos, aqueles que não são idênticos. A conheci ainda jovem, quando mirava pelos cargos maiores para que pudesse sustentar sem dificuldades os filhos que teve de criar sozinha. Casou-se e teve os filhos ainda jovem. Por infortúnio da vida, seu marido acabara falecendo em um acidente de automóvel e ela, que havia parado os estudos para cuidar dos pequenos, teve que tomar as rédeas da carreira bravamente.

Enfrentando diariamente uma tripla jornada e vivendo em função dos filhos Felipe e Débora, conseguiu um cargo que lhe conferia certa estabilidade financeira em uma empresa familiar de médio porte. Pouco tempo após esta calmaria, veio novamente a tempestade: após ver que seu garoto nunca melhorava de uma doença que parecia passageira, descobriu que o caso era, na verdade, gravíssimo. O tratamento, segundo os médicos, levaria em torno de um ano e meio, fora o acompanhamento constante por mais um ano e meio para garantir que a doença não voltasse. Com tantos exames para fazer e sem ninguém mais para ficar junto do filho, precisou pedir à empresa que a deixasse trabalhar remotamente.

Pediu à área de TI (Tecnologia da Informação) uma lista dos materiais necessários para que trabalhasse à distância sem qualquer dificuldade e utilizou parte da poupança que mantinha para emergências para comprar estes equipamentos. Ficando em casa em tempo integral, conseguia trabalhar perto do filho e poderia socorrê-lo caso necessário.

E assim ficou na empresa até que o tratamento terminasse e o filho pudesse voltar à escola. Sempre que a empresa precisava, ligavam para Luiza, e ela, sempre muito organizada, dava um jeito de atender clientes, fornecedores, fazer visitas e estava sempre à disposição da organização, mesmo não estando fisicamente no escritório todos os dias.

Rafael, que trabalhava na mesma empresa que Luiza, era o responsável pela área de TI. Este rapaz, hoje um jovem senhor, sempre foi dono de uma personalidade forte. Irredutível nas decisões, sempre céticas ao extremo, tem uma forte liderança. Apesar de não ser graduado na época, sempre foi autodidata e dono de uma inteligência acima do normal. Costumo brincar que só pode ter sido rei em outra vida.

Começou a carreira por curiosidade. Comprava apostilas de informática em bancas de revista e estudava horas e horas a fio, sempre ligado na Internet. Com os primeiros estágios conseguiu pagar alguns cursos e nunca parou de estudar as novidades do ramo da Tecnologia. Teve os primeiros trabalhos em empresas pequenas. Mesmo muito jovem, sua personalidade o tornava extremamente dominante no setor, o que incomodava os chefes dele. Passado algum tempo, conseguiu este cargo de liderança na empresa de Luiza.

Com uma condição financeira já mais estável, mas ainda insatisfeito com a carreira, Rafael avistou um grande potencial na área de TI que certamente não seria aproveitado onde trabalhava. Com isso, decidiu montar seu próprio reino: uma empresa que prestasse consultoria técnica e venda de equipamentos às empresas.

O início, claro, foi bastante difícil, e o escritório da empresa era na sala de sua casa, já que morava sozinho. Ainda no começo, penava para conseguir clientes. Muitos não o contratavam pelo fato de ser uma empresa nova e por não ter uma sede comercial fixa – uma das dificuldades de quem trabalha em home office.

Bem, resumindo, em pouco tempo conseguiu clientes que lhe davam uma condição financeira melhor. Convenceu também seus amigos, que trabalhavam em outras empresas no ramo de Tecnologia, a se juntarem à sua causa.

Aos poucos, conseguiram faturamento suficiente para alugar um escritório na região central da cidade. Daí em diante a empresa quase que literalmente decolou e hoje atende a processos de empresas internacionais.

Bem, por mais diferentes que sejam as histórias, ambas coincidem pelo fato de seus protagonistas trabalharem em um local mais que habitual: o lar. Este é o tema que falarei na Coluna Talento em Pauta desta terça-feira. Até lá!

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