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Bernt Entschev

Pechincha

Flávio tornou-se motoboy quando foi desligado da empresa onde trabalhava em um grande corte de pessoal. Desempregado e sem perspectivas de uma recolocação, passou a fazer pequenos serviços de entrega para pessoas de seu relacionamento, pois possuía uma moto e gostava de trabalhos dinâmicos. Aos poucos, foi sendo solicitado também por pequenas empresas e lojas. Seu atendimento eficaz, sempre pontual, ajudou-o a formar uma carteira fixa de clientes, com contratos mensais.

Então, pensou que aquela poderia ser uma excelente carreira a seguir. Dedicou-se, assim, a formatar uma empresa de entregas. Investiu em sua moto, personalizando-a com a logomarca escolhida. Comprou um uniforme próprio, mandou pintar o capacete, imprimiu cartões de apresentação. Com cuidado, formulou, ainda, um manual caseiro de atendimento ao cliente, para auxiliá-lo a resolver eventuais problemas de insatisfação.

Munido dessas ferramentas, Flávio sentiu-se seguro para ingressar no mercado das grandes empresas, no qual acreditava poder ganhar mais dinheiro e visibilidade. O motoboy, então, comprou um espaço publicitário em um veículo direcionado para grandes companhias. A iniciativa lhe rendeu bons contatos e, em pouco tempo, um acréscimo de 15% em sua carteira de clientes. Sua apresentação pessoal, bem como seus modos educados e discretos, lhe abriu as portas das organizações de grande porte, que se sentiam seguras ao lhe confiar documentos importantes e itens de valor.

O profissional investia tudo o que ganhava em sua empresa e, em poucos meses, já havia adquirido uma segunda moto, para ampliar sua capacidade de entregas. Para ajudá-lo, contratou um colega que estava desempregado havia muito tempo. Juntos, eles podiam cumprir as solicitações dos clientes pontualmente e com agilidade exemplar.

Porém, o grande diferencial de seu pequeno negócio era o atendimento destinado a seus contratantes. Flávio era gentil e prestativo, além de possuir um humor agradável e inteligente. Essas características ele fez questão de transmitir ao seu funcionário, a fim de que ele também pudesse representar sua empresa com qualidade. Desse modo, Flávio conseguiu transformar sua carreira e conquistar seu lugar junto às grandes companhias. Essa posição lhe trouxe uma sensação de segurança, pois acreditava que prestar serviços aos maiores empregadores do mercado não conteria riscos nem frustrações.

Todavia, um aumento substancial dos combustíveis trouxe Flávio a uma realidade que ele não gostaria de ter conhecido. Seu lucro, com a alta da gasolina, despencou vertiginosamente, e ele, como todas as outras empresas de entrega, precisou adequar seus preços. Flávio, entretanto, não imaginou que a maioria de seus clientes iria se recusar a reajustar os contratos, mesmo que para eles o valor fosse irrisório. A justificativa de seus contratantes era a de que outros motoboys poderiam fazer as entregas por um valor menor. E ele, pressionado por todos os seus clientes, precisou manter os preços abaixo dos utilizados pelo mercado.

Em seis meses, Flávio precisou se desfazer de uma das motos e, ao final daquele ano, fechou a empresa por falta de capital. Hoje, ele está empregado em uma oficina mecânica e, quando encontra um de seus antigos clientes, ouve a seguinte frase: "Foi uma pena você ter fechado, pois nunca tivemos melhor motoboy do que você."

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Algumas empresas adotam uma postura predatória em relação aos seus prestadores de serviço, pressionando-os a praticar valores abaixo da concorrência. Essas organizações utilizam como argumento a falta de recursos, mesmo quando os possuem e os valores solicitados pelo prestador não são representativos para seus caixas. Essa cultura da "pechincha" agressiva, mesmo quando praticada sem más intenções, pode significar muito para os pequenos prestadores de serviços, que geram empregos e movimentam a economia. Por isso chamo a atenção dos empresários que insistem em negociar pequenos valores (às vezes até centavos!) com seus prestadores de serviços. Avaliem se, de fato, o desconto será significativo para sua empresa ou se a redução de valores é uma mera possibilidade de pagar menos, de dividir menos os recursos com os outros setores da sociedade. Às vezes a confiança é mais importante do que o ganho de alguns reais.

Saiba mais

Academia do cliente

Em Curitiba, desde setembro do ano passado, o Extra Hipermercados promove aulas gratuitas de alongamento, relaxamento e body balance (tipo de exercício fundamentado na ioga), em parceria com as academias Arena e Viver Esportes. O objetivo dessa ação é garantir mais qualidade de vida aos clientes e estreitar o relacionamento com a comunidade, oferecendo uma atividade física orientada. As aulas acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h às 9h, na loja do Alto da XV (com no máximo 50 participantes), e segundas, quartas e sextas-feiras, das 8h45 às 9h30, no Extra da Avenida Presidente Kennedy (com uma turma de 20 pessoas). Os exercícios são acompanhados por professores das academias parceiras. No início, o programa atendia em média sete pessoas por aula. Depois de quatro meses de ação, esse número triplicou. Até agora, a rede de mercados realizou cerca de 190 aulas nas duas unidades curitibanas.

* As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las.

* Esta coluna é publicada todos os domingos. O espaço é destinado a empresas que queiram divulgar suas ações na gestão de pessoas e projetos na área social, bem como àquelas que queiram dividir suas experiências profissionais. A publicação é gratuita. As histórias publicadas são baseadas em fatos reais. O autor, no entanto, reserva-se o direito de acrescentar a elas elementos ficcionais com o intuito de enriquecê-las. Contato: coluna@debernt.com.br, ou (41)352-0110.

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