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Talento em pauta

Romeu versus Julieta – Concorrentes no trabalho

Quem está ou já esteve em algum relacionamento, sabe que nem sempre é fácil. Por mais que tudo pareça estar "indo bem", na grande maioria das vezes aparece um ou mais desafios a serem superados.

Para alguns "sortudos", o desafio é se apaixonar justamente pela pessoa que trabalha no concorrente. Dependendo das empresas envolvidas, essa situação pode ser ainda mais delicada que relacionar-se com um colega ou chefe no trabalho. Ora, mas por quê?

Não é muito difícil de entender, mas para explicar melhor a situação, contarei a história de um casal de amigos chilenos que apostaram no relacionamento, mesmo nas piores circunstâncias.

Sofia e Julio nasceram e foram criados em Santiago, capital chilena. Sem se conhecerem, ambos seguiram a carreira executiva no ramo alimentício. Sofia, aos trinta anos de idade, já estava na posição de coordenação em uma das maiores empresas de café do país. Irei chamá-la de empresa A. Por coincidência, seu futuro marido, Julio, trabalhava numa posição de analista na concorrente direta da empresa A – a empresa B.

Em um casamento de amigos em comum, completamente fora do contexto empresarial, Julio e Sofia se conheceram. Em pouco tempo, já estavam em um relacionamento sério, o que começou a preocupar o casal, devido à situação delicada em que estavam.

Após muito conversarem, ambos chegaram à conclusão que, mesmo se seus superiores não se opusessem à situação, eles teriam problemas no futuro – tanto no relacionamento quanto na carreira. Sofia, que almejava um cargo de diretoria, muito provavelmente não o alcançaria devido à sua relação com Julio.

A preocupação da empresa seria natural: informações internas sendo vazadas para o concorrente, estratégias sendo copiadas, entre outros. Portanto, Julio e Sofia decidiram que um dos dois deveria sair de sua empresa. A competitividade entre a empresa A e a B era muito grande para ser ignorada, e não haveria espaço para um relacionamento sério entre concorrentes diretos de cargos executivos.

A conversa para decidir quem iria sair de sua empresa não deve ter sido fácil. Mas, após muito analisar, o casal chegou a um consenso: Julio pediria demissão. Eles chegaram juntos à conclusão de que Sofia tinha um cargo mais alto, remuneração maior e maiores chances de subir na carreira.

Julio pediu demissão na mesma semana, e, após poucos meses, estavam casados. Certo tempo depois, Sofia ganhou uma promoção e foi transferida para o Brasil. Como o cargo dela na empresa era alto, eles financiaram um serviço de outplacement para Julio através da minha empresa. Foi assim que conheci o casal e sua história.

Sofia deu continuidade a seu trabalho e Julio foi recolocado no mercado de trabalho em pouco tempo. Ambos continuam casados até hoje e com a certeza de que tomaram a decisão mais madura e correta que poderiam.

No artigo de terça-feira falarei mais sobre esses relacionamentos entre pessoas de empresas concorrentes e como minimizar as consequências negativas dessa situação. Até lá!

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