Dia desses postei em meu Twitter uma frase que causou polêmica: "Se você não aguenta mais o seu trabalho, peça demissão. O que não pode é viver infeliz, reclamando o tempo inteiro e incomodando os colegas." Logo depois de receber inúmeros retweets com concordâncias e discordâncias, complementei: "Nós somos donos de nossa própria vida. Quando digo "peça demissão", quero dizer "pare de reclamar e vá em busca de algo que lhe faça feliz"."
A segunda frase pode até dizer tudo, mas isso me fez lembrar uma história relativamente recente que vale à pena contar a vocês. Diana é uma profissional bastante gabaritada e adequadamente reconhecida em seu campo de atuação. Com pouco mais de trinta anos, a executiva já havia atingido uma posição interessante em sua carreira: era gerente de operações de uma empresa na área de telecomunicações.
Diana trabalhava nesse segmento há pouco mais de oito anos e, desde que entrara, enfrentava rotinas pesadas de trabalho, com o corre-corre pertinente aos profissionais que, assim como ela, buscavam incessantemente seu espaço no mercado. Várias foram as noites de insônia, os sábados e domingos trabalhados e as férias adiadas. Sem contar, é claro, das inúmeras concessões pessoais que tivera que fazer, como pouca atenção às coisas do coração e o adiamento por tempo indeterminado da maternidade.
Há pouco mais de dois anos, Diana assumiu o atual posto de gerência. Quando a promoção viera, encarou como um desafio interessante. Porém, as mudanças que ocorreram pareciam muito mais negativas do que as expectativas que criara. Seu superior imediato não era uma pessoa que pudesse chamar de organizado, seus subordinados não respeitavam suas diretrizes e a quantidade de pepinos que herdara do antigo gerente parecia não ter fim.
Um ano e meio após assumir a gerência, Diana começou a enfrentar um profundo descontentamento na empresa. Os desafios que pretendia enfrentar eram muito maiores e mais relevantes que aqueles que lhe impuseram. Sem contar que, mesmo tendo aquele posto, sua autonomia para tomar decisões era nula... tudo devia antes ser aprovado por seu superior.
A frustração da moça era realmente muito grande e foi numa de minhas palestras que Diana me abordou e pediu que eu lhe desse alguns minutos para uma conversa. Convidei-a para um café no meu escritório, onde ela me contou sua trajetória. Sua carreira era, de certa forma, uma edificação interessante, mas, de fato, as coisas pareciam ter estacionado num andar não muito atraente.
Questionei sobre o quê ela vinha fazendo para mudar essa situação e a resposta veio cortante: "a empresa não tem investido muito em mim ultimamente, e sinto que continuarei na mesma situação por um bom tempo". Eu, sinceramente, ainda não consigo entender como algumas pessoas esperam que as companhias tomem conta de suas carreiras.
Disse à Diana que ela era dona de sua própria carreira. Se estava tão insatisfeita assim, deveria ir em busca de um emprego ou uma atividade que a fizesse feliz, já que lá dentro ela não via solução para seus problemas. Com o meu puxão de orelha, a moça parou para refletir e concordou que há muito tempo não decidia nada por si própria. As últimas coisas que haviam acontecido em sua trajetória profissional foram frutos de seu esforço por um bom trabalho, mas não algo que ela tivesse buscado efetivamente. E, convenhamos, uma promoção nem sempre é a mudança que buscamos e precisamos. Isso cabe a cada um de nós decidir e ir atrás para mudar e gerenciar nossas próprias carreiras.