Há alguns dias encontrei um antigo amigo, que não via há mais de 20 anos, em uma exposição que visitava com minha esposa. Um encontro inusitado, pois, realmente não esperava vê-lo em tais condições. Lembro-me de que naquela época em que vivíamos nos encontrando, considerava-o um exemplo a ser seguido. Por ser alguns anos mais velho, eu achava que poderia absorver alguns de seus ensinamentos. Recordo-me, até mesmo, das noites de conversa em que, enquanto nossas esposas falavam sobre filhos e amenidades, discutíamos por horas a fio sobre a evolução do mundo e dos negócios. Aliás, não posso deixar de citar que ele foi um dos meus conselheiros quando resolvi deixar meu emprego estável numa grande multinacional e tentar carreira como empresário. As palavras de ordem dele eram: "nunca deixe de estudar, pois, por mais que você saiba muito, nunca saberá tudo".

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Mas, nesse reencontro tive tempo suficiente de perceber que ele mesmo não seguiu seus próprios conselhos. Dias depois o convidei para um café no meu escritório e foi durante essa visita que observei que ele havia mudado muito. Não nego que continuava uma pessoa extremamente inteligente, mas a pergunta que eu me fiz durante toda nossa conversa foi: "onde ele esteve durante todos esses anos que não viu tantas coisas acontecerem?".

Descobri que ele não suportava boa parte dos avanços tecnológicos. Confessou que não é fã dos celulares e que, quando pode, até deixa o dele desligado dentro da gaveta. Sobre os computadores, ele disse que só os utiliza porque o trabalho o obriga, pois prefere muito mais os cadernos e agendas. Não bastasse isso, é completamente alheio aos jornais online, sendo fiel ao velho e bom impresso.

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É verdade que algumas pessoas mais tradicionais mantêm alguns costumes, com intuito de não ver as coisas desaparecerem ou caírem em desuso. Mas, mesmo os mais tradicionais acabam se rendendo aos prazeres das tecnologias que cada vez mais nos proporcionam conforto e facilitam nossa vida. Com ele era bem diferente. Até a televisão da casa dele, ele me contou, não era tão nova assim. E não era por falta de condições financeiras, pelo contrário.

Mas, o que considerei mais preocupante e decepcionante nesta história toda não foi a sua obsolescência em relação ao mundo tecnológico, mas sim às evoluções culturais. Chegava a ser paradoxal, um homem que eu admirei tanto e que agora parecia estagnado há vinte anos. Onde estavam todas aquelas filosofias de vida? E aquelas lições profissionais que me fizeram pensar e repensar todas as minhas atitudes, de acordo com premissas de constante evolução intelectual?

Obviamente o preço de parar no tempo foi bastante alto. O padrão de vida que ele mantinha na época em que éramos grandes amigos caiu drasticamente. Ele não acompanhou a evolução da própria profissão, tornando-se inferior aos seus colegas. Com o tempo, seus clientes foram optando por buscar novos ares, restando apenas dois ou três mais tradicionais que não se importavam com as limitações de alguém que não acompanha as mudanças do mundo.

Infelizmente, sei que esse meu amigo não é o único que não evoluiu com o tempo. Aliás, é muito comum vermos profissionais que se opõem às novidades e que se fecham em suas bolhas, achando-se as últimas bolachas do pacote, quando, na verdade, eles estão bem distantes do modelo de gestão mais moderno, do software mais atualizado ou da última invenção tecnológica. Para sobrevivermos a essas modernidades, precisamos nos aliar a elas. Para mim também não foi fácil. No princípio me bati muito com as modernidades, mas, a duras penas, consegui me adequar. Não que eu seja a pessoa mais atualizada do mundo (acho que isso nem existe), mas, pelo menos, tento entender de tudo um pouco.

Não adianta prejulgar algo sem antes conhecer. O mesmo vale para toda e qualquer novidade no mundo dos negócios. A constante atualização é a regra número um para qualquer profissional que queira ser bem sucedido.

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