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Talento em pauta

Você mudaria de cidade a trabalho?

Enquanto a crise assola o mundo, especialmente a Europa, o Brasil cresce, as empresas crescem, a pobreza diminui, a renda média per capita aumenta. Isso significa mais trabalho, significa mais vagas e também maior demanda pela mão de obra, ou talvez a falta dela.Todos ouviram falar no "apagão de talentos" e na "escassez de mão de obra". É verdade, sobretudo em algumas áreas e setores, como a engenharia - talvez o maior dos exemplos. Mas o que quero dizer com isso?

Se novas vagas abrem nas empresas, quem está lá dentro fazendo carreira certamente será promovido, e novas contratações preencherão as vagas antigas, certo? Errado.

A maioria das empresas hoje prefere contratar novos gestores "de fora" (outras empresas, concorrentes), a promover interinamente os funcionários. Claro, tudo depende da empresa e do modelo de gestão que ela adota, mas a verdade é essa.

E nessa busca por profissionais qualificados, às vezes simplesmente não há profissionais disponíveis para contratação. Que fatores fazem dessa busca tão difícil às vezes? 1.º – Sabendo da escassez em seu ramo de atuação, tornam-se "caros", mesmo não possuindo muitas qualificações; 2.º – Simplesmente estão fora do perfil solicitado pela empresa, seja pela técnica (excesso ou falta de) ou comportamento. A solução, nesses casos, é a busca em outras cidades e estados.

Sabendo da situação do mercado de atuação, as próprias empresas têm investido pesado na retenção desses verdadeiros profissionais "talento" – e isso vai além de um salário compatível ou acima da média. Benefícios e regalias "intangíveis" são o que fazem a diferença. Pode ser um plano de carreira já delineado dentro da corporação, uma bolsa acadêmica, um curso de especialização, um carro da empresa, horário flexível para os exercícios físicos e por aí vai.

O lado do profissional

Para os jovens, e estatisticamente em sua maioria solteiros, avaliar uma oportunidade de crescimento profissional em outra cidade pode não ser sinônimo de dificuldade. Porém, para os mais experientes, provavelmente casados e com filhos em idade escolar, a análise passa a ter um peso muito maior.

Há, basicamente, duas situações que podem fazer o profissional mudar de endereço: transferência de unidade por ordens da empresa em que trabalha, ou a contratação para um emprego novo. Na primeira, quando a transferência for temporária, o comum é que a empresa pague o aluguel de uma residência nova ou a estada em um hotel enquanto ele estiver no local da transferência, além de um serviço de lavanderia. Já o segundo caso é o que oferece maior diversidade.

Como a empresa está tirando o profissional de sua zona, no sentido literal, de conforto, é normal a negociação ir além do salário e dos benefícios. Já vi empresas oferecerem 90 dias de hotel, aluguel, lavanderia, carro da empresa, frete para a mudança completa, despesas corriqueiras para a viagem e documentação, entre outros. Algumas oferecem passagens de avião mensais para que o profissional possa visitar a família, e até mesmo um serviço de outplacement para ajudar na recolocação do cônjuge.

Outro fator que pesa muito na escolha é a cidade de destino. Informações como trânsito, saúde, segurança, lazer e custo de vida devem ser muito consideradas na negociação entre empresa-candidato. Ofertas assim normalmente começam a aparecer no nível de coordenação, aumentando conforme a importância estratégica do profissional à empresa.

As empresas que oferecem esses auxílios têm muito mais chances de conseguir contratar o profissional. Essas ajudas vêm como uma forma de tornar o emprego mais atraente à pessoa, que precisa de uma garantia de subsistência no novo local de moradia. Se isso for facilitado pela empresa, com certeza ela pensará duas vezes e dificilmente recusará a oferta.

O lado da empresa

Os gestores já sabem: treinar funcionários exige tempo e dinheiro. Se o novo planejamento de metas e resultados já está rodando e o período de execução é curto, eles não pensam duas vezes: buscam no mercado um profissional que já entre "rodando e trazendo resultados".

Não é a toa que todo fim de ano é uma loucura para as consultorias de recrutamento e seleção. O vaivém do mercado se intensifica a medida que as metas e planejamentos novos são traçados. Ferramentas de desenvolvimento profissional, como o assessment, são muito contratadas para analisar o potencial de um ou mais profissionais em um grupo e, com isso, analisar se com esse grupo é possível atingir os resultados almejados.

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