É bobeira acreditar que um profissional bom tecnicamente necessariamente deve ser um bom líder. Entendo que uma pessoa que apresenta qualidade no desempenho de um trabalho técnico não precisa, necessariamente, saber gerir uma equipe. Conheço inúmeros casos de pessoas que apresentavam excelentes resultados técnicos em seu trabalho e, justamente por isso, foram promovidos a líderes de equipe em que se perderam em meio aos trâmites e afazeres de um gestor.
Existem muitos cursos que auxiliam no desenvolvimento de um gestor. Algumas atividades são indispensáveis e elencarei algumas delas para seguirmos na reflexão:
O bom líder inspira em seus funcionários a vontade de se doar pela empresa. Ele consegue fazer com que todos se engajem por um trabalho melhor. Não falo de motivação, pois isso vem de dentro pra fora, ninguém pode motivar você. Porém um líder competente consegue guiar seus funcionários na direção correta, onde certamente encontrarão resultados mais eficazes. Além disso, um gestor competente consegue estimular seus funcionários o tempo todo, desafiando-os a fazer seu trabalho cada vez melhor.
Outra característica de um líder é a preocupação em formar sucessores, pois ele entende que seu principal papel é orientar os profissionais que estão abaixo de si, para que eles se desenvolvam e cresçam juntamente com os resultados que eles mesmos propiciam à empresa. São pessoas que encontram soluções, ao invés de problemas, mesmo que para isso precisem ouvir ideia por ideia de seus próprios funcionários. Aliás, eles não menosprezam seus colaboradores, pelo contrário, entendem que cada um possui um talento diferente e valioso para a organização.
Neutros em suas decisões, estão sempre em busca do novo. Não se acomodam jamais, pois buscam incessantemente fazer muito mais do que a empresa espera de sua equipe.
A neutralidade se expande no que diz respeito também a forma com que se posicionam diante dos colegas de empresa, não confundindo o pessoal com o profissional e guardando para si cada problema pessoal que tiver.
São pessoas extremamente dotadas de paciência. Sabem esperar a hora certa de agir. Além de compreender cada peculiaridade de seus funcionários, respeitando cada um da forma que eles são.
Um bom líder entende que seu papel não é colocar a mão na massa, a não ser que isso seja extremamente necessário numa situação atípica. Seu papel é coordenar corretamente que faça isso. Há uma máxima, inclusive, que diz: chefe não faz, chefe lidera. E apesar de chefia ser bem diferente de liderança, entendo que para o bom desempenho de uma equipe, o líder precisa se ocupar com a garantia de que seus funcionários farão seu trabalho adequadamente, ao invés de fazer o trabalho junto com eles.
E, por fim, acredito que uma característica bastante marcante de um bom líder é a inteligência emocional. Eles não misturam as estações, prejudicando-se com rompantes de nervosismo. Pelo contrário, conseguem pensar friamente na hora em que precisam agir assim, da mesma forma que conseguem se envolver numa causa com a emoção pertinente ao momento, sem jamais deixar a razão se sobressair a emoção.
Postas essas características, pergunto: um profissional que estudou uma determinada técnica tem alguma obrigação de saber agir dessa maneira? É justamente por entender que não, digo que ao promover um excelente profissional técnico, algumas empresas perdem excelentes mão de obra, enquanto esses profissionais perdem seus empregos. Pois, é isso que acontece, quando você dá poder a uma pessoa que não sabe o que fazer com ele.
Conheço companhias realmente muito sérias que se preocupam com o desenvolvimento de lideranças. Em alguns casos, um profissional nem sequer pode assumir um cargo de liderança sem ter passado por uma carga horária de algum curso de gestão de pessoas. Concordo plenamente com essas empresas, já que colocar alguém num cargo de liderança que não sabe lidar com pessoas é praticamente um tiro no pé.
Teste
1) O atual líder, em sua maneira de conduzir:
a) Dita e manda mantém o poder pelo medo, pela imposição.
b) inspira e lidera mantém o poder pela empatia e confiança no time.
2) A preocupação dele é:
a) Simplesmente manter o trono e o grupo de subordinados, centralizando o poder em suas mãos.
b) Preparar sucessores e promover o crescimento do grupo, levando em consideração as aptidões de cada um.
3) Nas decisões, o líder:
a) Ouve as opiniões e sugestões de todos os subordinados, mesmo que elas apenas confirmem o que ele já desconfiava.
b) Prefere pesar e refletir com os próprios conhecimentos para decidir influências externas só vão lhe confundir.
4) A empresa:
a) Aposta no treinamento formal dos melhores funcionários. Afinal, eles conhecem os processos como ninguém e conduzirão o grupo com sabedoria.
b) Prefere ser adepta à máxima "Em time que está ganhando não se mexe". Uma vez chefe, sempre chefe, uma vez subordinado, sempre subordinado. No máximo um reajuste.
5) O líder, ao avaliar a equipe:
a) Leva em consideração as aptidões e peculiaridades da personalidade de cada um.
b) Só considera habilidades e conhecimentos técnicos, assim como a produtividade e rapidez na execução de tarefas.
6) Nas promoções internas, a empresa:
a) Avalia o potencial de liderança e todas as habilidades correlatas necessárias (entre personalidade, formação, tempo de experiência e desempenho) para a função.
b) Apenas leva em consideração o desempenho ou formação para definir o quão longe ele irá.
O teste aqui não visa reprimir certos tipos de líder, ou mesmo as práticas de algumas empresas cada uma tem suas políticas e as define conforme a necessidade e possibilidade. Mas o importante aqui é que todos (empresa, subordinado e líder) reflitam sobre seus verdadeiros papeis e seus respectivos posicionamentos. Até onde podem chegar, o que pretendem com certas ações, o que devem estimular melhor etc. Assim como nem todos nasceram para ser presidentes, nem todos nasceram para serem operacionais a vida toda. Deixei as alternativas mais adequadas como as de letra "A". Se as alternativas "B" foram marcadas, talvez seja bom reavaliar a situação e verificar se isto não está prejudicando a empresa ou o crescimento do time.