Depois de quatro dias de greve por reajuste salarial, os bancários do Paraná voltam ao trabalho hoje no horário normal. A greve continua em São Paulo, Minas Gerais e Brasília.
Uma nova proposta foi apresentada ontem pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), e aceita. O aumento de 3,50% é bem menor do que o pedido pelos grevistas, que queriam reposição da inflação medida pelo INPC mais 7,05%. Ainda assim, a proposta patronal representa aumento real.
A participação nos lucros e resultados (PLR) será de 80% do salário mais R$ 828, pagos até 10 dias após assinatura do acordo, acrescidos de uma parcela adicional que varia de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil, paga até março. Os funcionários do Banco do Brasil e Caixa Econômica terão o mesmo reajuste mas conseguiram aumentos no PLR e no plano de cargos e salários.
Transtornos
O último dia de paralisação na capital envolveu 6 mil bancários e fechou 125 agências. O correntista precisou procurar muito até encontrar atendimento nos caixas, como no Bradesco da Av. Marechal Deodoro, que abriu às 13 h. E as filas enormes incomodaram. No HSBC Palácio Avenida, o motorista Maicon José Pap pegou uma senha com 40 pessoas à frente. "A greve prejudica a empresa onde trabalho. Estou no horário de trabalho e pelo jeito vou perder bastante tempo aqui", disse.
Já no Banco Safra da mesma avenida não era possível acessar nem mesmo os caixas eletrônicos. De acordo com João Quaresma, contratado pelo Sindicato dos Bancários para os "piquetes" em frente a agências, a única agência que funcionava normalmente na cidade era a do bairro Portão.
A Caixa Econômica da Praça Carlos Gomes também ficou fechada e os clientes eram encaminhados aos caixas automáticos da Praça Zacarias. Com isso, o auxiliar de produção Itamar Caetano não conseguiu resgatar o PIS. "Estou esperando o cartão chegar na minha casa, mas, por causa da greve, ele não vem e minhas contas estão com juros", diz. Caso parecido com o da estudante Silvana Dutra, que não pôde sacar o valor do seguro-desemprego na Caixa. "Eu ainda não fiz o Cartão do Cidadão e estou contando com ele para pagar contas."
Lotéricas faturam
No interior, as lotéricas, que funcionam como correspondente bancário da Caixa e permitem saques do Banco do Brasil seguiram lotadas. A presidente da Associação das Lotéricas de Maringá e Região, Rosária Marques de Lima, avalia que houve um aumento de 20% no movimento das casas do centro desde quinta-feira, com até 30 minutos de espera nos horários de pico. "É ruim, mas é o único jeito", reclama a dona-de-casa Joelma Alves, que tentou pagar a conta de telefone na segunda, e voltou ontem decidida a enfrentar a fila.
Mais contentes estavam os proprietários das casas. "A gente não sobrevive sem estes serviços que são a manutenção das lotéricas", explica Rosária. A greve durante a segunda semana do mês engrossou ainda mais as filas, com o vencimento de vários bloquetos. "Mas as pessoas precisam saber que só nos bancos elas têm garantia de segurança", alerta o presidente do Sindicato dos Bancários de Maringá, Luiz Pereira.