Rio de Janeiro A Companhia Vale do Rio Doce fechou ontem a compra do controle da mineradora canadense de níquel Inco por US$ 13,2 bilhões (R$ 28,4 bilhões). O negócio torna a mineradora brasileira a segunda maior do mundo, atrás da australiana BHP-Billiton.
A Vale adquiriu, em oferta pública na Bolsa de Toronto, 75,66% das ações da Inco. Os demais acionistas da companhia têm até 3 de novembro para vender à Vale seus papéis ao preço oferecido (86 dólares canadenses ou cerca de R$ 165), o que pode elevar o valor da aquisição para US$ 17,5 bilhões, se a aceitação for de 100%. Analistas esperam que adesão seja quase total, já que o preço oferecido é superior ao de mercado. A aquisição concluída pela Vale é a maior já realizada por uma empresa brasileira, segundo a consultoria KPMG.
A Inco é a segunda maior mineradora de níquel do mundo e tem as maiores reservas mundiais do metal em forte alta no mercado internacional. Faturou US$ 4,7 bilhões nos nove primeiros meses de 2006. No ranking mundial das mineradoras, a empresa, proprietária de três minas no Canadá e uma na Indonésia, aparece em 12.º lugar.
O grande atrativo da oferta da Vale foi o pagamento aos acionistas em dinheiro. Assim, a brasileira desbancou as concorrentes Phelps Dodge (EUA) e Teck Cominco (Canadá), que entraram antes na disputa. A Teck chegou a apresentar proposta superior à da Vale, mas a maior parte da oferta era em ações. Os executivos da Inco recomendavam aos acionistas a proposta da Teck. Só depois de mais de um mês do lançamento da oferta da Vale, em 11 de agosto, passaram a apoiá-la.
A reação do mercado, apesar de o crescimento da dívida da Vale com a aquisição ter acarretado o rebaixamento de sua avaliação de risco. "A conclusão do negócio foi muito boa para a companhia. Recomendamos a compra das ações da Vale", disse a analista Cristiane Vianna, da corretora Ágora. Os papéis ordinários da Vale subiram 4,63% ontem. Os preferenciais subiram 3,34%.
A Vale viu na Inco a oportunidade de diversificar sua atividades e concorrer mais de perto com outras mineradoras, passando a atuar no mercado níquel, do qual a canadense detém 19% das vendas mundiais.
"A combinação de Vale e Inco representa uma grande oportunidade para criação de valor e na criação de uma líder global na indústria de metais e mineração", disse Scott Hand, presidente da Inco, em comunicado. A direção da Vale disse que só irá se pronunciar sobre a aquisição hoje.
Além da dura negociação para convencer os gestores da Inco que sua oferta era a melhor, a Vale teve de ceder ao governo do Canadá, que impôs condições para aprovar o negócio. A Vale se comprometeu a não demitir funcionários da Inco nos próximos três anos e a não reduzir o quadro de funcionários a menos de 85% do atual. Assegurou ainda que a sede dos negócios de níquel da companhia (batizada de CVRD Inco) ficará no Canadá, que irá gerir também os projetos em andamento no Brasil.
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