Professora da universidade de Barcelona, a economista Aurèlia Mañé Estrada, especialista em petróleo e relações energéticas internacionais, diz que a Repsol perdeu, com a expropriação da YPF, sua "ficha no cassino global". Ela não descarta que a espanhola acabe nas mãos de um concorrente.
A expropriação foi um golpe sem precedentes na história da Repsol?
AURÈLIA ESTRADA: Sim. A YPF é um ativo que a empresa deixa ter e isso é grave, não tem precedentes. Além do mais, rompe com a estratégia da Repsol nos últimos anos.
Em 2010, o faturamento da Repsol passou de 1,5 bilhões para 4,6 bilhões. Que parte é da YPF?
AURÈLIA: Um quarto deste faturamento veio graças à YPF. A YPF representava o segmento mais fácil para obter lucro, ou seja, a extração e venda de petróleo cru. Com a expropriação, a Repsol perdeu sua ficha no cassino global, pois uma reserva gera capacidade de financiamento, mais importante do que a atividade em si.
A Repsol diz que isso não afeta sua capacidade de crescimento fora da Argentina...
AURÈLIA: Sim. Historicamente, a Repsol concentrava seus negócios em refino, venda e distribuição. Nunca tinha tido reservas próprias. Com YPF, diversificava seus negócios. Perdeu isso. Mas, como nunca foi sua atividade principal, tem capacidade para contornar a situação.
Mas sai fragilizada?
AURÈLIA: Sua imagem internacional fica muito fragilizada, o que pode transformá-la em presa fácil para outras companhias. Repsol é grande, mas não tanto como podem ser ExxonMobil, ChevronTexaco, BPAmoco, Shell e TotalFinaElf.
Seu refortalecimento dependerá da indenização que receba da Argentina?
AURÈLIA: São duas coisas diferentes. Uma é a recuperação financeira e a outra é a recuperação no negócio energético. Uma petroleira não é a loja da esquina. Se receber indenização, se recuperará financeiramente, mas, para o negócio energético, a indenização não faz a menor diferença.
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