A paranaense Daiken Indústria Eletrônica S/A espera quintuplicar, até 2011, o faturamento que teve em 2006, de R$ 20 milhões, em função do investimento que recebeu de um fundo de capital de risco no fim de junho. A empresa se beneficiou de um projeto que apóia empresas emergentes de base tecnológica, apoiado por Sebrae, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e fundos de pensão estatais.
A Daiken, que tem sede em Colombo, região metropolitana de Curitiba, é a primeira empresa paranaense a receber recursos do Fundo Mútuo de Investimento em Empresas Emergentes de Base Tecnológica de Santa Catarina (SCTec), que também atende o Paraná. O valor investido é de R$ 1,8 milhão, por meio de emissão de debêntures (títulos conversíveis em ações), operação administrada pela Companhia Riograndense de Participações (CRP), que passou a deter 13% da Daiken.
Para conseguir o aporte, a Daiken passou por uma reestruturação contábil que demorou cerca de três anos. "Uma equipe da CRP analisou toda a saúde financeira da empresa e encontrou alguns pontos que poderiam criar problemas financeiros no futuro", conta um dos sócios-fundadores, Osmar Yamawaki. "Esse caminho foi longo, mas precisava ser feito. A CRP vai ser um passaporte para outras empresas investirem em nós no futuro."
Yamawaki conta que foi a CRP que procurou a Daiken. "Ela se interessou pela nossa capacidade de criar novos mercados." Criada em 1993 como metalúrgica, a empresa migrou para o setor de infra-estrutura bancária. Desenvolveu salas de auto-atendimento, sistemas de senhas e segurança. Em 2001, quando a América Latina Logística (ALL) começou a modernizar sua frota, a Daiken desenvolveu equipamentos de automação ferroviária. Mais recentemente, passou a atuar em uma terceira área: produtos de acessibilidade, como plataformas para ônibus. As multinacionais Otis e ThyssenKrupp utilizam os produtos da Daiken em seus projetos no Brasil, conta o executivo.
Outro ponto forte da empresa apontado por Yamawaki é a qualificação da mão-de-obra. Hoje, dos 102 funcionários, 35% são formados em engenharia mecânica ou elétrica, assim como os sócios da empresa: Osmar é engenheiro mecânico, seu irmão gêmeo, Oscar, engenheiro elétrico, e o terceiro, Sérgio, também da área mecânica.
A família Yamawaki detém atualmente 70% da Daiken. Para Osmar, a venda de parte dela é um caminho muito mais interessante do que obter recursos via financiamento bancário, por exemplo. "O investimento em tecnologia é muito arriscado. Se emprestamos do banco e o projeto não dá certo, temos de pagar do mesmo jeito. Já o investidor assume o risco." Os recursos do fundo de VC vão financiar o desenvolvimento de novos produtos e a internacionalização das vendas. A empresa já vende para quase toda a América Latina, para a África do Sul e está buscando clientes na Austrália.