Após a concretização da compra da Avon, o grupo de empresas controladas pela holding Natura &Co terá a maior parte de sua receita vinda de fora do Brasil. Segundo João Paulo Ferreira, presidente-executivo da Natura, a partir da operação, cerca de 70% das vendas da companhia virão do exterior. A afirmação foi feita durante conferência para investidores na manhã desta quinta-feira (23).
Com a Avon integrada ao seu portfólio, a Natura&Co passa a ter receita líquida anual superior a US$ 10 bilhões (R$ 40,6 bilhões) e mais de 6 milhões de revendedores, tornando-se o quarto maior grupo do mundo no segmento exclusivamente de beleza.
Conforme a controladora, Natura e Avon seguem como empresas e marcas independentes, mas é esperada uma economia anual que deve ficar entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões ao ano. Essa expectativa tem relação com uma série de fatores, entre os quais a adoção de uma gestão em maior escala, com eficiência de suprimentos e logística; a redução da complexidade na manufatura e a diminuição dos gastos administrativos em áreas como tecnologia da informação.
A operação ainda depende do de aval de órgãos reguladores e da assembleia de acionistas das duas empresas. A expectativa é que a operação seja concluída no início de 2020. Com a aquisição, a Avon foi avaliada em US$ 3,7 bilhões, levando o valor do grupo combinado para aproximadamente US$ 11 bilhões. Além de Avon e Natura, a Natura&Co reúne ainda The Body Shop e Aesop.
Testes em animais
Também em conferência na manhã desta quinta-feira (23), o presidente executivo do Conselho da Natura & Co, Roberto Marques, afirmou que Avon e Natura estão alinhadas na posição de não usar animais para testes de produto. Questionado sobre a prática da Avon em mercados como o chinês, Marques afirmou que as duas empresas são contrárias à prática. Em seu site oficial, a empresa afirma ter banido o uso de animais em 1989, sendo a primeira empresa do setor de cosméticos do mundo a tomar a iniciativa.
Segundo a companhia, como alternativa, suas avaliações de segurança dos produtos usam informação obtida a partir de modelos computacionais, testes in vitro e testes clínicos em voluntários. Apesar da iniciativa, a Avon afirma que a legislação de alguns países pode exigir que produtos sejam submetidos a testes extraordinários que podem potencialmente incluir testes em animais. "A Avon tenta persuadir a autoridade requerente para não realizar testes em animais. No caso de esta tentativa não ser bem sucedida, a Avon tem de cumprir a lei do país e submeter os produtos a testes adicionais", afirmou Marques.
Em 2011, menos de 0,3% dos produtos da companhia foram afetados por imposições como essa, ainda de acordo com a empresa. Já em 2012, a ONG americana Peta (Pessoas a favor do tratamento ético dos animais, na sigla em inglês) apontou que a Avon estaria mudando silenciosamente suas políticas de décadas ligadas ao respeito aos animais para entrar no mercado chinês, devido às imposições regulatórias.
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