Preocupações com a economia chinesa voltaram a impulsionar o dólar sobre o real nesta quinta-feira (7), levando a divisa dos Estados Unidos para perto de seu maior valor em mais de três meses.
O novo tombo em torno de 7% nas Bolsas chinesas reforçou avaliações de que a segunda maior economia do mundo pode estar em desaceleração mais intensa do que previam os analistas.
A tensão motivou o banco central chinês a permitir que o yuan se desvalorizasse ainda mais contra o dólar, reforçando a tese de que Pequim estaria alimentando uma guerra cambial.
A China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e serve de referência para investidores em mercados emergentes, por isso algumas moedas desses países também se desvalorizavam na sessão.
Às 11h39 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 0,82%, para R$ 4,051 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançava 0,77%, a R$ 4,053.
Ambas as cotações atingiram máximas na casa de R$ 4,07 nesta quinta-feira, patamar que foi registrado pela última vez em setembro de 2015.
Além do real, o dólar também ganhava força sobre outras 12 moedas emergentes, como o rand sul-africano, o peso mexicano, o peso colombiano, o peso chileno e a lira turca.
O Banco Central do Brasil dará continuidade nesta sessão aos seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação equivale a uma venda futura de dólares.
Internamente, o mercado segue com expectativa de que o governo brasileiro vai priorizar o retorno do crescimento econômico, o que limitaria o espaço para mais altas da taxa básica de juros, a Selic.
A queda de 2,4% da produção industrial do Brasil em novembro do ano passado, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, corroborou essa aposta.
Com isso, os juros futuros de curto prazo operavam em queda na BM&FBovespa. Os contratos com prazos mais longos, porém, subiam.
O DI para fevereiro de 2016 caía de 14,312% para 14,310%, às 11h39. Já o DI para janeiro de 2021 apontava taxa de 16,140%, ante 16,110% na sessão anterior.
Ações
A tensão na China derrubava os preços das commodities no cenário internacional e, com isso, afundava as ações de grandes produtores de matérias-primas nesta quinta-feira.
O principal índice de ações do Brasil recuava mais de 2% e se mantinha no menor nível desde 2009. Às 11h39, o Ibovespa caía 2,40%, a 40.772 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 700 milhões.
Os papéis preferenciais da Petrobras, mais negociados e sem direito a voto, perdiam 4,53%, a R$ 6,11. Na véspera, eles já haviam atingido seu menor valor desde 2003.
Já as ações ordinárias da estatal, com direito a voto, recuavam 4,83%, a R$ 7,67. O movimento seguia a baixa de mais de 3% no preço do barril de petróleo do tipo Brent, negociado em Londres e referência no setor, para abaixo de US$ 33, no menor valor em mais de onze anos.
A mineradora Vale também operava no vermelho, diante da queda no preço do minério de ferro negociado no mercado à vista da China. O país asiático é o principal destino das exportações da companhia brasileira.
Às 11h39, a ação preferencial da Vale cedia 5,35%, para R$ 8,66, depois de ter fechado na véspera em seu menor valor desde novembro de 2003.
O papel ordinário da mineradora caía 5,43%, a R$ 10,97. Ele encerrou a última sessão em seu menor preço desde junho de 2004.
As ações de bancos também registravam perdas, intensificando o desempenho negativo do Ibovespa. Este é o setor com a maior participação dentro do índice.
O Itaú recuava 0,75% às 11h39, enquanto o Bradesco tinha baixa de 1,59%. Já o Banco do Brasil mostrava desvalorização de 1,11%.