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Varejo

Com crédito mais caro, venda de artigos de construção perde força

A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção prevê um segundo semestre melhor para o setor, que estima crescer 3% neste ano | Cesar Machado/ Gazeta do Povo
A Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção prevê um segundo semestre melhor para o setor, que estima crescer 3% neste ano (Foto: Cesar Machado/ Gazeta do Povo)

O crédito mais caro e raro em 2014 teve reflexo direto nas vendas do varejo de materiais de construção. Ao contrário do desempenho mostrado em anos anteriores, em que houve crescimento real de 4% em média, o setor deve fechar 2014 com incremento de 3%, pela projeção da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). No acumulado de 12 meses até agosto, o porcentual foi o menos animador em três anos: as vendas apenas repetiram o mesmo volume do período de 2013, sem avanço.

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) prevê crescimento menor para o ramo: 1,4%, menos do que os 4% projetados para todo o varejo, segundo o economista Fábio Bentes. Isso porque as lojas de materiais de construção fazem parte do grupo de varejistas que depende de financiamentos atrativos para deslanchar – assim como as vendas de automóveis e de eletrodomésticos.

Com a taxa de juros cobrada das famílias a 43,2% ao ano (na modalidade crédito livre), segundo o Banco Central, está se repetindo em 2014 o mesmo cenário de 2009 e 2011, dois anos ruins para o ramo. Em 2009, com a taxa de juros a 42,5% ao ano, as vendas caíram 6,6%. Foi a mesma queda verificada em 2011, quando a taxa chegou a 42,6% na metade do ano.

Em 2012 e 2013, a taxa de juros não passou de 40% e o varejo da construção pôde crescer. O setor ainda mantém crescimento em 2014 – de 2% segundo o IBGE – devido a estímulos como o aumento do limite de imóveis comprados com FGTS, cujos donos podem buscar financiamento para compra de materiais de construção (o Pro-Cotista), e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "Isso ajudou o segmento a não ter resultado pior, mas o efeito vai perdendo força com o tempo", diz Bentes.

A Anamaco avalia que o primeiro semestre pode não servir de parâmetro para o ano. "O segundo semestre é sempre mais forte que o primeiro. Há menos chuvas, o que permite reformas, e o consumidor já pagou os impostos do início do ano", afirma o presidente da entidade, Cláudio Conz. Segundo ele, o setor pretende dobrar o crescimento de 2014 no próximo ano. "Achamos que é possível, o setor não se preocupa com câmbio ou inflação. Não há indicador de menos renda: presido o sindicato patronal e nenhuma negociação salarial está abaixo de 8%", enumera.

Parceria

No Paraná, o varejo de materiais de construção se mobiliza para alavancar vendas a partir de alianças com profissionais de reformas. Segundo o presidente da câmara setorial da Fecomércio-PR, Eduardo Cury Guimarães, a ideia se baseia em dois fatores: a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em vigor desde abril, que pede projetos para reformas em condomínios, e o aceno de que o Construcard – modalidade de crédito da Caixa Econômica Federal para financiar reformas – pode vir a incluir gastos com mão de obra em 2015.

A ideia é que o varejo passe a oferecer "consultoria" sobre mão de obra aos clientes em troca de indicação semelhante da parte de profissionais – a praxe informal pode se transformar em estratégia.

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