Acompanhando o impacto da crise econômica, 14,6% das negociações salariais resultaram em ajustes abaixo da inflação no primeiro semestre de 2015. Ou seja, em 3 de cada 20 acordos os funcionários tiveram poder de compra reduzido.
No mesmo período de 2014, 2,6% dos acordos pesquisados tinham ficado abaixo da inflação. O ajuste real médio (acima da inflação), de 0,51%, também foi o menor da série iniciada em 2008. Os resultados das negociações salariais foram especialmente ruins para os trabalhadores da indústria.
O nível de ajustes abaixo da inflação é o maior da série de pesquisas do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a partir de 2008. Os números partem da análise de 302 negociações entre janeiro e junho de 2015.
Também subiu o número de casos em que os funcionários saíram das negociações com ajuste igual à inflação: 16,9% do total, um outro recorde da série a partir de 2008. No primeiro semestre de 2014, apenas 4,6% dos casos tinham ajustes acompanhando o índice.
Com isso, a proporção de ajustes acima da inflação caiu de 92,7% do total no primeiro semestre de 2014 para 68,5% no mesmo período de 2015.
Para acompanhar a alta geral dos preços, os trabalhadores precisariam, em janeiro, de um aumento de no mínimo 6,2%, de acordo com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) relativo a um período de 12 meses, usado como base da pesquisa. Com a alta da inflação, no entanto, esse aumento teria que ser, em junho, de ao menos 8,8%.
Segundo o estudo, a disparada da inflação dificultou a negociação de reajustes com ganhos reais, o que pode ser constatado ao se comparar os resultados de janeiro (92% de aumentos acima da inflação) e maio (50%).
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