A América Latina Logística (ALL) registrou no primeiro semestre deste ano lucro líquido de R$ 98 milhões. O resultado é quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, quando o lucro da empresa foi de R$ 49,5 milhões. O balanço divulgado ontem pela empresa foi bem recebido pelo mercado financeiro, e os papéis da ALL negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fecharam em alta de 5,39%.
Este é o primeiro balanço divulgado pela empresa desde a aquisição da Brasil Ferrovias, em maio deste ano. Com o negócio, a ALL passou a ter a maior malha ferroviária da América do Sul, com 22,7 mil quilômetros.
Apesar de ter agradado investidores e analistas, o processo de integração entre a ALL e a Brasil Ferrovias, ainda é visto com cautela. "Estamos na expectativa do que vai acontecer com a Brasil Ferrovias, que ainda está em processo de saneamento", diz Eduardo Haiama, analista da corretora Pactual.
A ALL já concluiu a primeira fase da integração da Brasil Ferrovias, com a demissão de mais da metade do quadro de funcionários 2,5 mil de um total de 4,5 mil. Para o gerente de relações com o investidor da ALL, Rodrigo Campos, o processo de demissões é necessário para a continuidade da companhia. "Não é um processo agradável, mas é a única forma de manter a operação e tornar possível o lucro da empresa", diz.
A previsão de investimentos da ALL na Brasil Ferrovias é de R$ 1 bilhão em um período entre três e cinco anos. A operação integrada está prevista para começar no primeiro trimestre de 2007. Até lá, as operações da ALL e da Brasil Ferrovias ainda serão independentes e as metas para ALL, traçadas no final do ano passado, mantidas.
O que mais agradou os analistas nos resultados das operações da ALL neste ano foi a redução de custos e despesas. "Esse é o ponto forte do resultado e por isso mantemos a recomendação de compra para ALL", diz Luiz Otávio Broad, analista da Ágora Senior. Segundo a ALL, a redução no custo de operação se deve, principalmente, ao ganho de produtividade no uso do diesel.
Outro ponto positivo para a empresa foi o aumento de volume transportado em 9%. A previsão de aumento havia sido revista depois do início dos protestos de agricultures em maio deste ano, que bloquearam ferrovias e rodovias em diversos pontos do país. "Os bloqueios foram compensados pelo excelente resultado na safra de soja do Rio Grande do Sul", afirma Campos. O transporte de soja pela ALL cresceu 38,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Só no Rio Grande do Sul, o aumento foi de 100% no transporte da soja.