Depois do celular, da tevê de plasma e do notebook, protagonistas dos últimos anos, chegou a vez dos smartphones. O câmbio favorável e o esforço conjunto das operadoras devem fazer desses aparelhos que integram as funções de um telefone celular às de um computador portátil o presente mais desejado do Natal de 2010.
Para converter consumidores à febre da "internet de bolso", as operadoras oferecem aparelhos subsidiados que podem sair "de graça" na contratação de planos de pacotes de dados e voz a partir de R$ 80 mensais. No radar das empresas está um público majoritariamente jovem que começa aos poucos a consumir o produto antes um "luxo" restrito aos executivos , principalmente para uso de redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter.
É o caso da vendedora Daniela Araújo, que, para poder usar a internet em qualquer lugar, está disposta a migrar do plano pré-pago para o pós-pago. Segundo ela, as promoções estão reduzindo os preços e facilitando o acesso aos aparelhos. "Está barato para comprar. Estou procurando um aparelho que atenda todas as minhas necessidades", afirma.
A bancária Maria Medianeira dos Santos também colocou um smartphone na sua lista pessoal de desejos de consumo para este fim de ano. O aparelho dela deverá "necessariamente" ter televisão digital integrada e acesso à internet. "Pretendo baixar o Skype para falar com as pessoas, acho que assim ficará mais fácil para me comunicar com minha filha que mora no exterior e ainda economizar", diz. Ela pretende gastar até R$ 1,1 mil no aparelho e ainda está pesquisando modelos e planos em diferentes operadoras.
De acordo com levantamento da consultoria Nielsen divulgado em agosto, a venda de smartphones cresceu 128% no primeiro semestre deste ano e já atinge 10% dos usuários de celulares no país o que representa cerca de 19 milhões de aparelhos. A queda de 30% no preço médio, apontada pela Nielsen, pode ajudar a impulsionar ainda mais as vendas neste fim de ano, em especial para consumidores das classes C e D, que juntos representam uma fatia de 15% desse mercado.
Segundo projeção da Associação GSM (GSMA), o número de conexões brasileiras de banda larga móvel com tecnologia 3G deve sair dos 4,5 milhões de 2009 para 27 milhões no fim de 2011. Para 2013, a expectativa é de que o número de usuários chegue a 75 milhões, ou quase 40% do atual mercado de telefonia celular.
Estratégias
A Claro diz que vai baixar os preços e oferecer pacotes voltados ao uso de redes sociais. A campanha de Natal da empresa vai oferecer um ano de acesso gratuito às redes sociais Orkut, Facebook, Twitter e Linkedin , além de pacotes de torpedos e bônus de minutos em ligações. "A Claro aposta que este vai ser o Natal dos smartphones", afirma o diretor da empresa para Paraná e Santa Catarina, Eduardo Coutinho.
A estratégia da Tim é vender aparelhos desbloqueados e atrair clientes para os planos de internet móvel. A operadora pretende terminar o ano com dez milhões de usuários de internet, o que representa cerca de 20% de sua base atual de clientes.
A Vivo que, segundo pesquisa da Nielsen, vendeu 65% dos iPhone 3GS comercializados no Brasil investe nos planos dedicados ao uso dos smartphones. O portfólio da empresa oferece um plano de dados que "não traz surpresa" na conta caso o usuário ultrapasse o limite máximo de navegação. Segundo a empresa, quando isso ocorrer o usuário poderá continuar navegando na rede, acessando e-mails e redes sociais sem pagar mais por isso apenas terá a redução da velocidade até o início do próximo ciclo de cobrança da fatura. A Oi, que recentemente lançou planos para o iPhone, informou que ainda está definindo suas estratégias para o fim de ano.
Rede atual suporta demanda mais alta
A atual rede 3G das operadoras é capaz de suportar o aumento na demanda com as vendas de smartphones deste Natal. Mas, para não esgotar a capacidade e continuar dando conta do recado nos próximos anos, as empresas devem manter o ritmo dos investimentos em infraestrutura executados nos últimos anos, segundo o presidente da consultoria de telecomunicações Teleco, Eduardo Tude. "Durante este ano as operadoras fizeram investimentos em suas redes 3G. A aposta do smartphone é justamente para levar mais tráfego para essas redes."
Segundo ele, para as empresas é mais vantajoso migrar o tráfego do minimodem 3G que tem tráfego de dados mais intenso e, portanto, "ocupa" mais a rede para os smartphones, que têm tráfego mais "leve". Tude afirma que o consumidor pode comprar um smartphone com a segurança de que conseguirá navegar com uma velocidade minimamente aceitável.
A qualidade, velocidade e performance das conexões variam conforme a operadora e a cidade. A Vivo é a operadora que tem cobertura 3G no maior número de cidades no Brasil, seguida por Claro, Tim e Oi. Para não errar, diz Tude, a dica é ficar de olho na agressividade das ofertas. "Se a operadora está oferecendo um plano, se está investindo no crescimento e subsidiando aparelhos é porque tem 'bala na agulha'. As operadoras aprenderam a lição quando venderam os modens 3G sem ter uma infraestrutura suficiente para atender a demanda. Agora, se existe o incentivo [para a compra dos smartphones] é porque existe a capacidade [de tráfego]", avalia.
Em um teste de velocidade da internet móvel brasileira, realizado nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo, Curitiba ficou em 3.º lugar no ranking geral. A cidade ficou na 5.ª posição de velocidade média de download, teve a 3.ª melhor velocidade de upload e a 3.ª melhor qualidade de vídeo. Apesar do bom resultado, nenhuma cidade atingiu a velocidade média de um megabyte por segundo.
Nova banda
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) marcou para 14 de dezembro o leilão da banda H (frequência 3G), para a entrada de um novo competidor no mercado brasileiro as atuais operadoras tentam impugná-lo. Mas, para o presidente da Teleco, o processo não muda a oferta no curto prazo. "Seja quem for o vencedor, vai demorar cerca de um ano até entrar em operação", diz.