O G5, novo celular top de linha da LG, fez bonito em fevereiro durante a Mobile World Congress (MWC), maior feira do setor, ao apresentar o conceito de módulos externos que podem ser “anexados” para incrementar o uso do aparelho. Baixada a poeira, o modelo chega agora ao Brasil mostrando que, na prática, não há motivos para tanta empolgação assim.
É curioso concluir que, ao fim, o maior atrativo do celular não é sua pretensa novidade revolucionária, mas sim um recurso mais prático e acessível a qualquer usuário: a utilização de duas câmeras traseiras, que permitem fotos com ângulos de até 135 graus, simulando uma lente grande angular.
O funcionamento do recurso é mais simples do que se parece. Uma das câmeras é a “tradicional”, com 16 MP. A outra é uma de menor qualidade, de 8 MP, mas que vem com um ângulo de abertura muito maior. Para trocar entre as câmeras, basta tocar em um pequeno ícone na tela do celular, enquanto se tira a foto ou se grava o vídeo.
A diferença de qualidade entre as imagens das duas câmeras é bastante perceptível, principalmente na iluminação e cores do retrato. Mesmo assim, o recurso tem apelo: chega de aperto na hora de tirar a foto com a galera reunida ou de enquadrar aquela bela paisagem que não cabe na tela. Confira abaixo a diferença, com duas imagens que foram capturadas exatamente do mesmo lugar, na Redação da Gazeta do Povo:
16 MP (normal)
8 MP (grande angular)
O resultado lembra um pouco as fotos obtidas com as lentes “olho de peixe”, com uma leve distorção nos cantos da imagem. E, independente de qual câmera se use, é possível optar pela configuração manual, onde se pode ajustar o ISO, balanço de branco, foco e outras configurações, de forma simples e rápida. Ao fim, o conjunto agrada aos amantes de fotografia e fica no mesmo nível dos modelos premium de outras marcas.
Outro novo recurso interessante é o display always-on, que traz a hora, data e notificações de forma intermitente na tela do celular, mesmo com ele desativado (o que é diferente de desligado). Assim, não é preciso tocar em qualquer botão ou nem sequer mover o celular para perceber que algo aconteceu em seu perfil do Instagram ou do Facebook. Simples, mas prático – ainda mais que a opção não acaba com a bateria do celular.
Visualmente, o G5 traz um design mais sóbrio e modesto do que seu antecessor, sem a opção de capas traseiras de couro, que davam um ar refinado e chamativo ao aparelho. O acabamento em metal e o material usado no corpo são ultra-resistentes, segundo a LG. Outra mudança pequena foi a transferência dos botões de volume para a parte lateral do celular – o botão principal, usado para desbloquear a tela, segue na traseira, logo abaixo da câmera.
Downgrade
O que pode passar despercebido para muitos é que a edição brasileira do G5 traz um discreto “SE” ao lado do nome. Isto porque a versão que chegou por aqui não é a mesma lançada lá fora. Nos EUA, o G5 vem, por exemplo, com processador Snapdragon 820 e 4GB de RAM. A versão à venda no Brasil traz o Snapdragon 652 e 3GB de RAM – uma mudança considerável, apesar da configuração dar conta do necessário para o uso diário e oferecer um bom desempenho. Acredite, se você nunca tocou em um celular com as configurações top como as do G5 americano, não fará diferença.
Mesmo assim, o downgrade não pegou bem, principalmente entre a mídia especializada. Até por conta do preço do celular, que está sendo vendido por R$ 3.499 – valor que acaba não sendo muito competitivo considerando os concorrentes diretos Galaxy S7 e iPhone 6s, que saem por R$ 3.799 e R$ 3.999, respectivamente.
Mas... e os módulos?
A frustração maior, no entanto, ainda vem dos tão falados módulos. Por enquanto, apenas dois acessórios estão disponíveis para o celular: um suporte manual para a câmera e um componente que promete melhorar a qualidade do áudio.
A LG Cam Plus torna o celular mais fácil de segurar e fornece botões físicos para ligar e desligar a câmera, gravar vídeos e fotos e dar zoom. Não se trata, portanto, de lentes extras ou outros componentes físicos que permitam fotos de melhor qualidade. O acessório ajuda na hora de tirar fotos, mas é totalmente dispensável – ao fim, o maior atrativo é que ele vem com uma bateria externa de 1.200 mAh, que se soma à do smartphone, de 2.800 mAh.
Já o LG Hi-Fi Plus atende a um nicho ainda mais específico, o dos aficionados por escutar música no celular. O componente promete melhorar a qualidade do áudio, oferecendo um som “premium” de alta definição – aqui, é preciso ter o ouvido muito afinado mesmo para sentir a diferença.
Os dois módulos funcionam da mesma maneira. Um pequeno botão na lateral do G5 libera a bateria do aparelho – em seguida, basta encaixar o acessório na bateria e colocá-la de volta no celular. Assim, o módulo torna-se parte do corpo do smartphone.
A inovação é bem-vinda, ainda mais considerando que novidades no mercado de celulares têm sido raras. O problema é que faltou convencer o consumidor da real utilidade dos acessórios. Não ajuda o fato dos módulos estarem sendo vendidos a preços (bem) salgados: o LG Cam Plus sai por R$ 649 e o LG Hi-Fi Plus, por surpreendentes R$ 1.299. A marca está vendendo neste mês o G5 e oferecendo o Cam Plus de brinde, mas a promoção é restrita até o fim de junho e ocorre somente nos quiosques e lojas físicas da empresa.
E, apesar de ter sido pioneira, tudo indica que a LG será ultrapassada em breve. A chinesa Lenovo anunciou este mês que também trará módulos em sua nova linha de celulares, a Moto Z. A diferença é que os componentes serão “colados” à traseira do celular por meio de imãs, um processo bem mais simples do que o visto no G5.
Até o momento, já foram anunciados um projetor portátil de vídeo, uma caixa de som e uma bateria extra. A Lenovo ainda não divulgou os valores dos acessórios ou do celular, portanto, é cedo pra saber se a moda dos módulos vai de fato pegar. Por enquanto, a depender da LG, os acessórios seguem como artigos de luxo.