Apesar de ser ainda bem jovem, Alan Henrique da Silva tinha pressa em se inserir no mercado após concluir o ensino médio. Por isso, buscou uma graduação rápida e de abordagem prática que o fornecesse subsídio técnico para atuar na área que mais o atraía: a de comércio exterior. Então, optou pelo curso de tecnólogo em logística, com duração de dois anos, na universidade Estácio Curitiba.
Era exatamente o que ele queria. Em pouco tempo, conseguiu um estágio por intermédio da instituição de ensino, foi efetivado após se formar e obteve base suficiente para abrir seu próprio negócio logo em seguida. Aos 23 anos, é dono de uma empresa e já planeja cursar uma pós-graduação.
Alan está entre os jovens inquietos atraídos pelo caráter objetivo das graduações tecnológicas que, em geral, são mais curtas, podendo ser concluídas entre 2 e 3 anos, e focam em demandas produtivas da sociedade, conforme define o professor Paulo César Medeiros, responsável pela Diretoria de Ensino Superior Instituto Federal do Paraná (IFPR).
Paulo explica que, embora seja mais rápido, não é qualitativamente diferente de um bacharelado ou de uma licenciatura, que levam a partir de quatro anos para serem concluídos. A diferença está na abordagem. O curso de tecnólogo possui uma grade mais operacional, enquanto um bacharel, por exemplo,é mais amplo no que tange à base teórica.
Confusões
O professor alerta para um ponto que ainda confunde muita gente: há uma significativa distinção entre o curso técnico, que é de nível médio, e a graduação tecnológica, que ainda quando possui a mesma quantidade de anos de um técnico, é de nível superior.
Além disso, um curso de tecnólogo não necessariamente se restringe ao âmbito da tecnologia. Há opções nas áreas de comunicação, gestão pública, recursos humanos, moda, meio ambiente e várias outras, totalizando quase 150 cursos reconhecidos pelo MEC, segundo o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia de 2016.
De acordo com Paulo, a modalidade tem esse nome por estar voltada à técnica no sentido de ofício, trabalho e habilidade, diferente das graduações mais tradicionais, que não se prendem apenas a esse aspecto.
Perfis
Apesar de ser buscado por muitos jovens como Alan, o curso de tecnólogo é indicado, sobretudo, para profissionais já inseridos no mercado e que ainda não possuem curso superior. De acordo com o professor Álvaro Peixoto de Alencar, diretor de graduações da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a graduação tecnológica pode ajudar a aprimorar a técnica de quem já está trabalhando, certificar uma promoção e ampliar o horizonte acadêmico do indivíduo, uma vez que é possível, em seguida, cursar uma pós-graduação e avançar em conhecimento.
Para o coordenador de graduação tecnológica da Estácio Curitiba, Mario Rossi, a modalidade também pode ser boa para jovens que ainda não sabem ao certo em que área querem atuar. Na visão do professor, um curso rápido como o de tecnólogo pode ser decisivo para direcionar a vocação de uma pessoa e oferecer a ela a oportunidade de vivenciar o mercado de maneira mais prática.
Acesso
Mário também destaca que, entre os benefícios da graduação tecnológica, está a facilidade de acesso com relação ao preço. De acordo com o professor, o curso de tecnólogo normalmente custa menos para o estudante e pode ser um bom caminho para quem não quer ou não pode gastar muito dinheiro. Por outro lado, nem sempre esta modalidade é menos concorrida nos vestibulares. Segundo Álvaro, na UTFPR, por exemplo, há graduações tecnológicas com concorrência igual ou maior do que muitos bacharelados.
Concursos Públicos
Outra vantagem da graduação tecnológica são as possibilidades que ela oferece aos concurseiros.O diploma do curso de tecnólogo vale para quem quer prestar um concurso público de nível superior , desde que o edital não exija licenciatura, bacharelado ou graduação com duração mínima de quatro anos.
Desvantagens
Rápidos, práticos e com custos menores, os cursos tecnológicos são vantajosos sob várias perspectivas. Mas, segundo Bernt Entschev, headhunter da consultoria De Bernt Entschev, muitas empresas dão preferência a quem possui bacharelado, por conhecerem pouco sobre as graduações tecnológicas. Isso pode até se refletir no salário dos profissionais. No início da carreira em uma organização, por exemplo, o tecnólogo pode começar ganhando entre 5 e 10% menos do que um bacharel, de acordo com Bernt, embora essa diferença possa mudar ao longo da trilha do indivíduo na companhia.
O consultor de carreira Bruno Melo, da Thomas Case & Associados, destaca outro ponto importante: por ser menos abrangente, o superior tecnológico pode restringir as possibilidades profissionais, quando comparado a outras faculdades. Segundo o especialista, se o indivíduo precisa transitar para além da tecnicidade, por exemplo, corre o risco de encontrar limitações.
Mas nada impede que a pessoa siga se aprofundando em outras áreas por meio de especializações, MBAs, mestrados e doutorados. Se não quiser estacionar na carreira, o tecnólogo, assim como outros graduados, deve prosseguir nos estudos para adquirir as competências cada vez amplas que o mercado exige. “Nunca deixar de estudar é fundamental em qualquer área. Quem estaciona nesse ponto vai perdendo seu preço”, conclui Bruno.