A renda mediana da população brasileira tem crescido em média 12,1% em anos pré-eleitorais, mas no ano seguinte há queda de 11,9%, de acordo com estudo do Centro de Políticas Sociais da FGV, baseado em números de 1982 a 2004. "Eleição é a estação etílica, época das boas notícias ilusórias. Já no período posterior vem a conta e a ressaca", ironiza o texto da pesquisa.
"Planos que geram custos imediatos, traduzidos em desemprego mais alto, como no Cruzado II, o Collor e a desvalorização do real, foram lançados após as eleições. Ao passo que bons desinflacionários são, em geral, produzidos no período pré-eleitoral", afirma o economista-chefe do Centro, Marcelo Neri. Para ele, a economia brasileira é sujeita a políticas oportunistas que tentam ludibriar o eleitor mediano com a intenção de influenciar o resultado das eleições.
Em 2002, por exemplo, houve aumento de 3% na renda do trabalhador, mas no ano seguinte houve queda, de 1%. No entanto, essa relação entre aumento e queda na renda em anos pré e pós-eleitorais já foi mais drástica. "Nas primeiras eleições, de 1982 e 1986, isso foi mais marcante. Uma boa notícia é que isso tem se tornado menos forte."
Considerando-se as duas últimas eleições para presidente, o trabalho mostra que a renda de todas as fontes do brasileiro foi 4,3% maior do que em ano não eleitoral, sendo que o aumento é de 3,2% nas rendas advindas do trabalho principal. Aposentadoria contribui com 6,9% e outras receitas (como seguro-desemprego, bolsa família e outras transferências) com 24%. Quando se leva em conta a idade dos votantes, a pesquisa revela que a renda per capita de pessoas com 16 anos ou mais sobe 41% em ano eleitoral (consideradas rendas de todas as fontes). (FL)