Empresários da indústria brasileira acreditam que o desempenho da economia no segundo trimestre reforça a visão de que o crescimento ainda será forte neste ano, até acima do esperado anteriormente, mas esperam uma desaceleração em 2009 por conta do aumento do juro e da conjuntura internacional adversa.
Eles ressaltaram a importância do controle da inflação, mas enfatizaram a necessidade de outras políticas além do aperto monetário.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,6 por cento no segundo trimestre sobre o primeiro e 6,1 por cento ante igual período de 2007.
Representante de um dos setores que vem animando o crescimento do país, Cledorvino Belini, presidente da Fiat no Brasil, disse que o ritmo forte deve continuar nos próximos meses.
"A nossa preocupação é sempre o ano seguinte, com o aumento dos juros", disse após encontro de empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quarta-feira.
"Não esperamos uma grande desaceleração do crescimento (em 2009), só não vemos um crescimento tão acentuado como o que será este ano. Sabemos das dificuldades da conjuntura, como a de controlar a inflação."
Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o PIB do segundo trimestre chancela uma elevação recente das previsões da entidade para o crescimento neste ano --que passou de 4,8 para 5,4 por cento, a mesma taxa registrada em 2007.
Marcelo Odebrechet, presidente da construtora Odebrechet, também um dos setores com forte influência no PIB no segundo trimestre, ressaltou que o "Brasil tem expectativa muito grande de crescimento", mas precisa melhorar o perfil da expansão, tendo como foco os obstáculos de infra-estrutura e educação.
Atenção ao juro
Apesar do cenário da Fiesp melhor para o ano, Skaf foi duro nas críticas ao Comitê de Política Monetária (Copom), que decide nesta quarta-feira o novo patamar da Selic.
O mercado espera mais um aumento de 0,75 ponto percentual, para 13,75 por cento ao ano.
"A alta da Selic foi um erro já que a inflação que estávamos vendo era de alimentos e era internacional", disse. "Se os juros aumentarem hoje é pura vaidade, não há motivo."
Os empresários defenderam que o aperto monetário iniciado em abril não foi o responsável pela recente desaceleração da inflação --que se deu, na opinião deles, pelo arrefecimento dos preços dos alimentos.
Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau, alertou para os perigos do impacto do juro sobre a atividade e sugeriu que o BC encontre "outros modos" para acomodar o efeito do aumento de preços das commodities internacionais sobre a inflação brasileira.
"Corrigir (esse efeito internacional) pelo juro, vai dificultar a estrutura do crescimento", afirmou.
Belini, da Fiat, mostrou-se menos crítico, dizendo preferir um crescimento não tão "empinado" mas com inflação controlada, mas sugeriu que o governo trabalhe também na redução dos gastos públicos.
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